o retorno da SKINNY?

10.04.24 | Get Inspired By Moda Tendências


 

Se existe uma marca que possui uma das maiores influências nos dias atuais entre públicos de diferentes idades e que realmente direciona tendências e movimentos estéticos de forma ampla, essa marca é a Miu Miu. Como uma espécie de irmã mais nova da igualmente importante Prada, as coleções da Miu Miu possuem uma relevância enorme e performa com sucesso tanto no universo virtual quanto no real. Daí tiramos que se algo aparece nas passarelas tanto da Miu Miu quanto da Prada, a gente precisa prestar atenção. Na última temporada de Paris a marca desfilou sua coleção fall 24 (que corresponde ao nosso outono/inverno 2025) e dois looks em específico ganharam um olhar mais minucioso aqui do escritório. São looks total jeans mas que em comum tinham a calça skinny como parte do styling. Após anos colocada de lado, a peça ganha duas entradas no desfile de uma das marcas mais importantes do mundo na atualidade. O alerta acendeu. Observando outras coleções de marcas menos badaladas, vimos que a skinny também estava lá, o que já é outro indício do seu retorno para as próximas temporadas, já que são justamente essas nomes menos conhecidos do grande público que possuem um radar apurado para o futuro e que antecipam movimentos que em breve estarão nas passarelas de marcas maiores. A boa e velha skinny apareceu da forma como lebrávamos: das lavagens mais claras àquelas marmorizadas, combinadas com peças mais básicas ou com um terceiro elemento chamativo, em looks total jeans… sem grandes novidades, já que é ela, a skinny, que é a novidade (de novo). Portanto, se você guardou seu jeans ajustado, é hora de começar a montar looks com a peça pq temos indícios suficientes de que a calça skinny voltará para um lugar de protagonismo nos nossos armários.

 


razão acima da emoção: a relação entre o ILUMINISMO e as dinâmicas visuais da temporada FALL 24

02.04.24 | moda pra pensar Semanas de Moda Tendências


 

O iluminismo é um movimento filosófico que defende a racionalidade, a ciência e a livre forma de manifestação religiosa e de expressão. Surgido na Europa no Séc. XVIII, esta corrente visava questionar os governos absolutistas e os privilégios da monarquia e se alastrou pela Europa e América do Norte vindo a influenciar a Revolução Francesa e a Revolução Americana pela independência. Para além dos desdobramentos históricos específicos e aprofundamento nas diretrizes desse movimento, aqui podemos fazer uma relação com as principais manifestações visuais da temporada fall 24, apresentada no mês passado, com a racionalização pregada pela corrente iluminista. Quando o movimento começou a ter forte influência no Séc. XVIII, também teve alcance na moda da época. Afinal, moda sempre foi sobre a materialização do espírito do tempo a após a revolução francesa e o forte embate quanto aos privilégios da coroa e da igreja, o estilo Rococó que era dominante no período não faria mais sentido. Houve a ascensão de uma estética mais igualitária, onde diferentes classes sociais se vestiam de maneira menos formal e mais simples, com predileção por tecidos naturais e modelagen fluídas, já que o que contava não era a riqueza visual, mas sim o conhecimento e a razão. Aqui não podemos ignorar que o iluminismo foi um movimento que pregava o liberalismo, o livre comércio, portanto, uma corrente burguesa que pregava menos influência do Estado nas práticas mercantis. E foi justamente o que ocorreu posteriormente, já que os burgueses comerciantes passaram e se diferenciar por vestimentas mais nobres para criar essa diferenciação da classe trabalhadora. Após a invenção da primeira máquina de fiar denominada spinning jenny, em 1764, a industrialização do tecido mudou todo o cenário dos artesãos que criavam suas peças à mão e esta, na verdade, foi uma das peças principais para o que viria a seguir: a revolução industrial.

 

 

Esse breve apanhado histórico mostra como a corrente iluminista, defensora da razão e da liberdade comercial, influenciou de forma irreversível o desenvolvimento social da época e reflete até hoje nas nossas vidas e também no que vestimos. Se a temporada spring 24 foi sobre um retorno ao romantismo, uma ode à delicadeza e aos conceitos tradicionais de feminilidade, com coleções pautadas na estética da década de 50, no conservadorismo utópico de bolhas privilegiadas e em um visual lúdico e bucólico quase escapista, as apresentações da temporada fall 24 vieram para nos colocar de volta a realidade.

 


 

Não há espaço para muitas fugas e imaginações quando o mercado de trabalho se mostra cada vez mais escasso e exigente. Não há motivo para nos inebriarmos com flores e saias volumosas quando conflitos e crises humanitárias ocorrem em todo o mundo. A estética dessa temporada enaltece o visual de performance. Roupas feitas para trabalhar, peças que engradecem a cultura laborativa, feitas para a realidade, para um dia a dia real e uma pessoal real. Ternos, camisas, blazers, xadrezes, bolsas enormes que comportam nossa vida, cores sóbrias, uniformização.

 

 

Seria essa narrativa influenciada pela razão uma proposta para o progresso, para usar o trabalho e as liberdades individuais em prol do desenvolvimento econômico e social e nível global, ou só mais uma maneira de reforçar a dinâmica do mercado baseada na produção desenfreada e compulsória de bens, de serviços, de conteúdo e de identidade que beneficiam em demasia alguns em detrimento de uma maioria? A temporada fall 24 nos deixa pouco espaço para a imaginação e propõe a era da razão.

 

 

Mas quem se beneficiará de tamanha obediência ao racional desmedido? Ou será que em uma temporada tão “pé-no-chão”, a ideia seja justamente repensarmos o consumo desenfreado? Afinal, se grande parte dos armários já possuem as peças que foram apresentadas, qual o sentido de novas compras? Essa também seria uma maneira de racionalização do consumo, pautado numa forma mais simples e sustentável de adquirir (ou não) mais bens? Fora os aprofundamentos filosóficos ou desdobramentos econômicos práticos da relação entre o iluminismo e a moda, fato é que temos pela frente uma construção visual muito mais próxima da realidade e da racionalidade, mostrando talvez que nossas prioridades possam ser outras que não as roupas que vestiremos no dia. Menos fantasia e mais unicidade, identificação e aproximação, a fim de que nosso desenvolvimento e contribuições sejam mais benéficos para o coletivo do que para o individual. A razão tem lá suas vantagens.

CFW fall 23 street style | BOMBER

08.02.24 | Look da Paula


 

Para além dos blazers amplos, dos sobretudos ultra sofisticados e dos casacos de pele fake com ares vintage que são tão característicos do estilo nórdico, o street style da semana de moda de Copenhagen nos trouxe outra opção de peça de complementação tão bacana quando as citadas: a bomber de couro. Com um ar da década de 80, a peça traz um toque esportivo para o visual, ao mesmo tempo em que mantém um requinte por conta do material mais nobre. Sejas nas cores tradicionais como o preto ou marrom ou em tons mais vibrantes e inusitados, esse terceiro elemento é uma alternativa cool, urbana e moderna para complementação dos looks invernais.

 

as cores da VALENTINO

01.02.24 | Get Inspired By Moda Semanas de Moda


 

A gente sabe que a semana de alta-costura não é sobre tendência, pois aqui é o momento das marcas mostrarem conceito, singularidade, criatividade e valor artístico a níveis mais elevados, que fogem da captação dos movimentos de moda como ocorre das semanas ready to wear. Mesmo assim, a temporada couture nos fornece material de inspiração, não só para o visual de ocasiões especiais, mas também para o dia a dia. Truques de styling, formas, volumes e, claro, combinação de cores podem ser absorvidas das criações de alta-costura, que se tornou mais democrática em termos de incluir mais estilos e mais peças que há alguns anos não entrariam nesse tipo de apresentação. E em termos de referência de cores, um desfile em específico pode ser considerado um dos melhores da temporada. Na passarela da Valentino, além do design e do conceito impecáveis apresentados pelo estilista Pierpaolo Piccioli, temos a mais bela e impactante paleta da semana de alta-costura, não só em looks monocromáticos mas especialmente nas combinações. Certamente são imagens para guardar e que servirão de norte para a montagem de um visual fora do conceito de alta-costura.