a temporada SPRING 24 em PARIS | pt.1
28.09.23 | Semanas de Moda
Vaquera desafia convenções e distorce o tradicional com um desfile moderno, questionador e visualmente contextual que faz parte da identidade da marca, abordagem também usada pela Weinsanto que trouxe uma coleção extremamente sensual ao mesmo tempo em que brincava com elementos fantasiosos – embora repleta de boas peças de complementação, blusas e calças bem ajustadas e corsets estruturados que fazem sozinhos qualquer visual.
Na Pierre Cardin, o futurismo que é tão inerente à trajetória da marca foi mostrado em uma vertente bem referenciada na década de 60. Vestidos curtos e estruturados, a típica gola escafandro, acessórios como óculos e botas de cano curto com fortes características sessentistas e padronagens geométricas de alto contraste de cores reforçam essa narrativa que é futurista e vintage ao mesmo tempo.
As narrativas mais românticas que vimos em outras semanas de moda desta temporada apareceram nas coleções apresentadas até agora, mas em Paris essa atmosfera tem sido levada para um lado com toques urbanos, estruturados e minimalistas. É o caso da CFCL com seus conjuntos monocromáticos levemente amplos e vestidos de base romântica apresentados em cores e materiais mais densos e por vezes com detalhes metalizados para equilibrar os códigos de delicadeza, mesmo recursos usados pela Mossi, que adicionou um pouco mais de volume, e maleabilidade às suas peças. A clara influencia oriental aqui é manifestada em recortes diagonais e drapeados que lembram as vestes tradicionais japonesas e adicionam tanto dinamismo quanto complexidade a peças de base mais clássica.
Itens tradicionais do armário são reconfigurados e sofrem intervenções que dão outra dinâmica para peças como calças de alfaiataria, camisas clássicas, vestidos retos em malha, blazers, parkas, bermudas e chemises. Na passarela da Victoria & Tomas, esses elementos sofrem intervenções contemporâneas de recortes, aplicações e detalhes utilitários que modernizam seu propósito original. Na Peter Do, essas descaracterizações são utilizadas através dos comprimentos inusitados e das construções mais elaboradas de camadas que trazem os clássicos para um lugar de contemporaneidade sem que percam a beleza e a utilidade para a vida real.
O futurismo sessentista volta a ser manifestado, desta vez na passarela da Anrealage, que se valeu de roupas feitas em materiais plásticos (recurso bastante visto em Milão também) para recriar um visual que remete muito aos filmes de ficção científica do período, especialmente porque muitas das roupas refletiam a luz do ambiente e mudavam de cor por completo. Texturas plásticas também foram vistas na Germanier, mas de uma maneira mais superlativa, refletindo muito mais um mood tropical do que futurista – fruto da colaboração com o estilista brasileiro Gustavo Silvestre da Projeto Ponto Firme.
Com o maior desfile dos primeiros dias de Paris Fashion Week, a Saint Laurent também se voltou para os anos 60, porém, com uma abordagem visual distinta. Cos referências e releituras de peças e estéticas icônicas que Yves Saint Laurent criou no período, a coleção foi composta em sua maioria por roupas para o dia a dia (de uma mulher extremamente sofisticada) através de macacões com nuances utilitárias, regatas básicas, saias-lápis, calças mais ajustadas e ótimos casacos de comprimentos diversos e impactantes pelo poder visual. Chic ao extremo, a coleção se diferencia do básico pelo styling que prezou pelos looks monocromáticos, pelos acessórios robustos que imprimiam um glamour dramático às composições (inclusive luvas de efeito slouchy) e na perfeição da paleta composta de tons cáqui e uma variação de terrosos que deixou tudo ainda mais sofisticado e desejável.
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