Especial #FIQUEEMCASA | 5 figurinos que vão além da beleza

23.03.20 | Lifestyle Moda Vídeos



 

Os figurinos cinematográficos vão muito além da beleza. Na maioria dos casos, eles fazem parte do enredo, servem para mostrar a essência dos personagens e modificam conforme a evolução da trama. Os figurinos também podem fazer um paralelo interessante com movimentos sociais e culturais, além de poder influenciar e até modificar o comportamento de consumo. O que nós vamos vamos propor aqui é que você passe a olhar os figurinos dos filmes que você assiste além da beleza. Perceba sua relação com acontecimentos contemporâneos, com o desenrolar da história, com a identidade do personagem. Afinal, roupas contam histórias. Separamos cinco filmes que você pode assistir durante este período para começar a treinar seu olhar para o figurino além da beleza.

 

As golpistas

 

 

No mais recente filme de Jennifer Lopez é interessante perceber como os códigos visuais conversam com a percepção de poder das protagonistas. O visual exagerado, cheio de ostentação através de marcas aparentes, peles, acessórios dourados, a relação entre maquiagem, cabelo e produção e até as sutilezas do andar seguro, da fala e dos olhares mostram como o figurino neste filme demonstra o que significa riqueza, poder, independência e empoderamento para essas mulheres. Observe também a diferença entre o que pode ser considerado um visual de riqueza para diferentes classes sociais e de trabalho. O look ostentação difundido no filme está em consonância com diversas tendências do mercado atual, que olha diretamente para os movimentos culturais urbanos para traduzi-los para a passarela.

 

Sabrina (1954)

 

 

O figurino desta icônica película protagonizada por Audrey Hepburn é assinado por Hubert de Givenchy, o que por si só já seria motivo suficiente para você assistir. Mas não é só isso. Como acontece em O Diabo Veste Prada e diversos outros filmes que relacionam um tipo de ascensão social ao que vestimos, Sabrina é uma história de amor que aflora através de duas maneiras. No primeiro caso, a filha do chofer de uma família abastada vai estudar fora e ganha a clássica sofisticação das mulheres que tomam as rédeas da própria vida. Com essa nova roupagem, Sabrina conquista o mulherengo David, que sequer se lembra que aquela mulher elegante e espirituosa é a mesma menina que cresceu nos arredores de sua casa como filha de um dos empregados. Foi a reviravolta estética da personagem, e apenas isso, que faz com que David se apaixone. O segundo caso de amor é mais genuíno e menos superficial, mas ainda assim problemático pela insegurança masculina diante de uma mulher independente. É interessante observar aqui o poder um visual bem construído, especialmente para a época do filme. Sabrina ganha notoriedade e uma nova posição na dinâmica daquela família em razão dessa mudança. Vale assistir também com os olhos nos dias de hoje. O que temos por uma “figura poderosa” ainda serve para facilitar os movimentos sociais do indivíduo?

 

Priscilla, a Rainha do Deserto

 

 

O filme de 1994 não poderia ser mais atual. O universo do cross-dressing é um dos pilares do visual camp, que ganhou notoriedade após o MET Gala do ano passado. Aqui a figura exagerada das protagonistas é uma parte crucial da história e também serve para afirmar sem pudor sua sexualidade. Mostrar quem você é através do que veste é um movimento enorme da atualidade, que enaltece a identidade e a individualidade acima das regras antigas do que pode ou o que não pode, do que serve e do que não serve. Vale lembrar que o filme ganhou o Oscar de melhor figurino em 1995.

 

A Bela da Tarde

 

 

No filme, a bela Séverine é uma mulher rica, com um casamento estável e bem-sucedido para os padrões da sociedade, porém extremamente infeliz. Para contornar essa situação, a personagem decide procurar um bordel e se prostituir durante a tarde, voltando para sua rotina de boa esposa a noite. O figurino assinado por Yves Saint Laurent mostra uma sensualidade não óbvia e longe dos códigos convencionais do que é considerado um visual sedutor. A elegância discreta da personagem é crucial para a manutenção de sua vida de opostos abismais e ao mesmo tempo faz essa relação entre feminilidade, poder e sexualidade.

 

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

 

 

Em 1977, todas as mulheres queriam se vestir como Annie Hall, a personagem de Diane Keaton no filme de Woody Allen. A comoção em torno da figura da protagonista uniu as mais diversas tribos femininas na época e até hoje se mostra atual, especialmente com as discussões em torno da identidade de gênero e da classificação das roupas de acordo com o sexo. O que vale pensar para os dias de hoje é essa relação entre poder e estética masculina. É realmente necessário que nos vistamos com as peças atreladas ao armário masculino para que ganhemos notoriedade ou sejamos tratadas com certa diferenciação? No caso de Annie, a vestimenta serve como uma arma de distanciamento entre o visual e o comportamento tipicamente feminino. A personagem é carismática e beira o estranho – no bom sentido – e as produções carregadas na atmosfera masculina acabam por corroborar sua personalidade única. Mais uma vez um caso de reafirmação da essência através da figura.

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