SPFW52 | os movimentos que marcaram a semana de moda paulistana (pt.2)
26.11.21 | Moda Semanas de Moda Tendências
Os itens artesanais mostrados nesta edição da SPFW foram elevados a um nível de sofisticação inédito. Produções inteiramente feitas em tricô, crochê, palha e demais fibras naturais foram inseridas em um contexto muito mais elegante do que é geralmente esperado do visual feito à mão. Além de primoroso, o processo também é um meio de transformação e locomoção social de pequenos produtores e artesãos que basicamente vivem de sua arte, como o Projeto Ponto Firme, que objetiva educar e ressocializar pessoas que saíram do regime carcerário e o Ateliê Mão de Mãe, que é uma marca baiana que segue a linha slow fashion e tem sua produção inteiramente dedicada ao crochê.
Formas arredondadas apareceram tanto em dimensões mais discretas, através da marcação nos ombros e de mangas amplas, como nas versões mais literais e dramáticas vistas na passarela de Lenny Niemeyer e nos casaquetos abalonados da Lilly Sarti. A figura pode ser considerada simbólica em um momento como o nosso, de ressignificações, compreensões e aprendizados. Encerramentos, inícios e novos encerramentos (e novos inícios) são constantes e contínuos em todas as fases da nossa vida, mas parece que a ideia de ciclos – e círculos – é mais assídua em épocas de insegurança.
O visual atrelado a ambientes urbanos, mais denso, de tons profundos e materiais pesados recebe um contexto mais alternativo por meio do jogo de comprimentos alongados trabalhados em camadas, dos recortes acentuados, da leveza de vestidos transparentes e de detalhes caóticos que contextualizam a imagem final.
A ancestralidade mostrada através de referências familiares e religiosas se desenvolve a partir de um processo de autoconhecimento e respeito por parte dos estilistas, que dividem suas raízes com o público de maneira honesta e sensível.
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