HERCHCOVITCH; alexandre

06.12.23 | Moda


 

A coleção de verão de Alexandre Herchcovitch é inspirada pelo próprio verão. A Praia, o calor e cada estrutura que forma esse contexto que nos é tão familiar se manifesta pelas mãos do estilista de maneira contemporânea e complexa, que homenageia as brasilidades sob seu recorte cosmopolita e foca em acabamentos rigorosos, diversidade de materiais e texturas e se propõe a lançar olhares alternativos sobre o que consideramos ser uma estética de verão. Looks que fazem referência às roupas típicas do mergulho, peças que imitam as tramas do crochê, texturas metalizadas, vestidos fluídos, tops inspirados pelos biquínis, alfaiataria moderna. A coleção mostra uma gama de desdobramentos a respeito de um mesmo tema: o verão. E o verão proposto por Herchcovitch carrega seus símbolos costumeiros ao mesmo tempo em que traz interferências que são mais inéditas a sua trajetória, criando uma narrativa visual que faz sentido em contextos diferentes, seja na praia, seja em ambiente urbano. Chic para qualquer ocasião e qualquer estação.

 

retrospectiva 2022 – os desfiles que mais amamos na SPFW

28.12.22 | Get Inspired By Moda


 

Além dos nossos desfiles internacionais favoritos, não poderíamos deixar de mencionar as apresentações que ocorreram na semana de moda de São Paulo neste ano, afinal, a moda nacional tem mostrado sua potência especialmente pela inclusão de novos talentos em seu calendário. Os desfiles deste ano na SPFW vão muito além da estética e se manifestam como uma ferramenta política, o que tornam as coleções muito mais importantes em termos de conceito e narrativa. Estes foram nossos dez destaques da moda nacional em 2022:

 


SPFW52 | os movimentos que marcaram a semana de moda paulistana (pt.2)

26.11.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 


 

Os itens artesanais mostrados nesta edição da SPFW foram elevados a um nível de sofisticação inédito. Produções inteiramente feitas em tricô, crochê, palha e demais fibras naturais foram inseridas em um contexto muito mais elegante do que é geralmente esperado do visual feito à mão. Além de primoroso, o processo também é um meio de transformação e locomoção social de pequenos produtores e artesãos que basicamente vivem de sua arte, como o Projeto Ponto Firme, que objetiva educar e ressocializar pessoas que saíram do regime carcerário e o Ateliê Mão de Mãe, que é uma marca baiana que segue a linha slow fashion e tem sua produção inteiramente dedicada ao crochê.

 


 

Formas arredondadas apareceram tanto em dimensões mais discretas, através da marcação nos ombros e de mangas amplas, como nas versões mais literais e dramáticas vistas na passarela de Lenny Niemeyer e nos casaquetos abalonados da Lilly Sarti. A figura pode ser considerada simbólica em um momento como o nosso, de ressignificações, compreensões e aprendizados. Encerramentos, inícios e novos encerramentos (e novos inícios) são constantes e contínuos em todas as fases da nossa vida, mas parece que a ideia de ciclos – e círculos – é mais assídua em épocas de insegurança.

 


 

O visual atrelado a ambientes urbanos, mais denso, de tons profundos e materiais pesados recebe um contexto mais alternativo por meio do jogo de comprimentos alongados trabalhados em camadas, dos recortes acentuados, da leveza de vestidos transparentes e de detalhes caóticos que contextualizam a imagem final.

 


 

A ancestralidade mostrada através de referências familiares e religiosas se desenvolve a partir de um processo de autoconhecimento e respeito por parte dos estilistas, que dividem suas raízes com o público de maneira honesta e sensível.

SPFW 52 | os movimentos que marcaram a semana de moda paulistana (pt.1)

25.11.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

Após quase dois anos, a semana de moda de São Paulo retorna em formato quase 100% presencial e com mudanças significativas no que diz respeito ao incentivo de novos talentos, diversidade e produção de uma moda cada vez mais autoral. O caminho é longo, porém irreversível. Vamos aos principais movimentos observados na SPFW 52:

 


 

Nesta temporada diversas marcas criaram uma imagem de sofisticação autoral e repleta de brasilidade. Ao mesmo tempo que a estética se mostra polida, o resultado final demonstra um borogodó que só as brasileiras possuem. A linguagem de um estilo clássico traduzido pela alfaiataria, pelas cores tradicionais e pelas modelagens retas ganha audácia por meio de recortes inusitados, pelo jogo de proporções e comprimentos, pelos detalhes artesanais que imprimem uma certa rusticidade ao visual, pelos acessórios despojados e pela atitude despretensiosa que o styling sugere.

 


 

Através de movimentos alternativos, como o projeto Sankofa, permitimos que a moda alcance talentos fora do círculo tradicional (e branco) de poder. Nesta SPFW nos deparamos com olhares que vão muito além da estética Rio/São Paulo burguesa e testemunhamos uma (ainda) pequena fração da riqueza cultural que até pouco tempo não fazia parte da bolha da semana de moda paulistana. A diversidade de corpos e raças, a linguagem visual periférica tão marginalizada, as referências orgulhosas nortistas e nordestinas trazidas por estilistas destas regiões (e não simplesmente usurpadas por profissionais do sudeste que insistem em referenciar sem de fato creditar ou utilizar meios propícios de redirecionamento de lucro sob a desculpa da “homenagem”), as inspirações na música negra e periférica, a influência das crenças e religiões de matriz africana, a história de figuras da militância afro. É a moda usada como instrumento político de resistência e ascensão de narrativas por tanto tempo apagadas e ignoradas.

 


 

Nesta temporada as dinâmicas visuais ligadas à performance e à funcionalidade ganham vibrações sensuais através do corpo à mostra como tema central do movimento. É a união entre a robustez do utilitarismo e a confiança atrelada à imodéstia.

 


 

Peças classificadas como tradicionais, a exemplo de camisas, trench-coats, calças de alfaiataria, tricôs, saias de comprimento midi etc., são revisitadas pelas mãos de estilistas que buscam visões alternativas para a transformação do clássico. Assim, blazers ganham detalhes utilitários, conjuntos de alfaiataria são confeccionados em tons mais vibrantes e recebem ousadia no acabamento ou nos acessórios e itens mais austeros são finalizados com calçados urbanos modernos, tops e peças de complementação volumosas.

SPFW51 | os movimentos de moda desta edição

01.07.21 | Moda


 

 

A estética esportiva já vem atuando nos movimentos de moda há algum tempo e de temporada em temporada ela sofre algumas reformulações que a atualizam e garantem que a tendência ainda permaneça em nossos radares. Nesta edição da SPFW essa atmosfera esportiva ganhou elementos que a deixaram com uma vibração futurista. Acessórios estruturados, recortes inusitados, texturas tridimensionais e a exploração de matéria-prima tecnológica imprimem esse clima de evolução do movimento.

 

 

 

As técnicas artesanais vinham sendo bastante utilizadas nas semanas de moda internacionais, portanto seria de se esperar que elas aparecessem com mais força por aqui também, especialmente porque o Brasil tem uma cultura artesanal riquíssima. Além de promover uma naturalidade nas criações, o que tem sido um movimento importante justamente por conta do nosso momento atual, essas técnicas geralmente enaltecem o trabalho de pequenos produtores com o consequente redirecionamento econômico para quem atua de maneira tão significativa e autoral no setor. Nesta edição da spfw, o crochê se mostrou uma das principais técnicas deste movimento e diversas marcas exploraram maneiras criativas de utilizá-lo e que fogem do clichê boho que geralmente associamos a esta trama.

 

 

 

Em um País colonizado, é comum que achemos o que vem de fora mais interessante. Mas não na semana de moda paulistana. Em um momento onde o Brasil está sendo tão negligenciado, incluindo o setor cultural, enaltecer as brasilidades que fazem o nosso País tão único e rico foi o caminho escolhido por diversos nomes desta temporada, principalmente por marcas menores. Nossa ancestralidade, nossas crenças, nossa natureza, nossas cores, nossos costumes e até nossa malícia serviram de referência para essas criações que se mostram verdadeiros atos de resistência. Da vida a partir do olhar dos caminhoneiros explorada pela Misci, passando pelos trajes que lembram as festas infantis feitas no quintal de nossas casas que podem ser notados nas criações lúdicas de Juliana Jabour, chegando na influência das religiões de matriz africana até os rituais indígenas e superstições nordestinas. O Brasil é grande e resiste.

 

 

 

Optar por cores sóbrias, composições discretas e marcas de conduta slow é um começo para aderir a um visual minimalista, mas nesta edição da spfw as criações com essa estética ganharam um nível mais condizente com o nosso momento, onde o conforto aliado à performance são características quase imprescindíveis para atravessar esse período desafiador. O visual minimalista desenvolvido por diversos nomes encontrou um dinamismo bem-vindo através dos recortes assimétricos, de intervenções que trazem mais riqueza e tridimensionalidade ao resultado final, como drapeados e plissados, das formas mais desprendidas e das construções singulares da silhueta.