spring 22 COUTURE | os movimentos do street style • pt1

02.02.22 | Semanas de Moda Street Style


 

A semana de alta-costura segue nos rendendo conteúdo e dessa vez vamos focar nos movimento de moda encontrados no street style. Por ser uma semana de moda menor, já que, além de ser mais exclusiva é apresentada apenas em Paris, os convidados costumam elevar o nível de informação de moda do visual justamente para se adequarem ao padrão mais conceitual e escapista das apresentações couture. Mesmo assim, conseguimos extrair algumas referências que podem ser aplicadas nas nossas composições. Veja a primeira parte das nossas análises dos movimentos de moda da semana de alta-costura de Paris.

 

spring 22 COUTURE | um olhar alternativo sobre a excelência das criações de alta-costura

31.01.22 | Moda moda pra pensar Semanas de Moda


 

Nós já falamos na semana passada sobre os conjuntos femininos que sofreram abordagens mais modernas e que redefinem nossos conceitos sobre o que é couture (para relembrar, clique aqui). Mas a verdade é que esta temporada parece ter sido toda sobre ressignificar a alta-costura. Ainda que essas criações continuem sendo feitas para uma parcela muito pequena da população, os indicativos de modernização de sua estética são importantes para as diretrizes do mercado como um todo, além, claro, de trazer ares mais arrojados para o “visual de gala”, ampliando suas possibilidades, libertando os corpos femininos de códigos engessados e antiquados de dress code e explorando novas linguagens visuais que trazem a alta-costura para o presente. O conceito de feminilidade, por exemplo, sai do lugar de ingenuidade e delicadeza através da cintura marcada, dos bordados florais e das cores delicadas (apenas para citar algumas das características românticas ligadas ao universo feminino) e entra no campo da liberdade dos movimentos, da harmonia com a silhueta e também da brutalidade do design experimental e superlativo que explora um feminino mais potente e assertivo. A sensualidade retratada pelas narrativas óbvias também ganha atualização por meio do peso das texturas metalizadas, do brilho e da fluidez dos materiais acetinados e da inesperada sedução vinda do design volumoso. Além do visual propriamente dito, a substituição da exuberância tradicional da alta-costura para uma configuração simplificada nos transporta para outra reflexão: Ostentação não é de bom tom? Ainda que existam milhares de argumentos que ostentar um visual exagerado (nos moldes do passado) nos dias de hoje pode não ser a melhor escolha, aqui ocorre uma visão alternativa sobre o que é esplendoroso e isso acontece justamente por meio da simplicidade e do inesperado. A ideia da peça feita sob medida para uma clientela enxuta deixa o lugar engessado das criações pautadas no luxo tradicional e alcança um patamar mais contemporâneo da definição de riqueza através deste visual mais modesto, porém é a excelência das técnicas manuais de uma marca que ficam em evidência. Técnicas estas que também ganham destaque quando o que é esperado de alguns estilistas que já têm suas identidades muito bem colocadas é substituído por algo muito mais inovador e arrojado. Esta temporada é muito mais sobre o primor dos acabamentos, do caimento e da qualidade dos materiais do que simplesmente sobre provar a capacidade de um designer apenas através da exuberância.

 


spring 22 COUTURE | Os conjuntos que redefinem a cara da alta-costura

26.01.22 | Moda Semanas de Moda


 

A temporada mais luxuosa e exclusiva das fashion weeks teve início nesta semana e já notamos algumas mudanças visuais em comparação aos desfiles da estação passada. Se nas apresentações fall 2021 o luxo clássico e suntuoso ditou a estética das apresentações, desta vez vimos coleções mais simples, porém longe da trivialidade, e experimentais. E quando falamos em criações experimentais não estamos considerando apenas aquelas peças-conceito que demonstram a criatividade sem limites de um designer (o que nós também amamos), mas sim o fato de que algumas produções exploradas geralmente não fazem parte do universo da alta-costura, como por exemplo os conjuntos femininos compostos de duas ou mais peças que na maioria das vezes estão inseridos no contexto de ready to wear. Nesta temporada o visual ainda foi proposto com o toque moderno das modelagens amplificadas, das nuances masculinizadas e até com referências industriais o que, certamente, redefine nossas considerações sobre o que pode ser considerado couture.

 




pre-fall 22 | RELAXY

05.01.22 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

Nas apresentações que ocorreram durante a pandemia vimos a moda acompanhar o espírito do tempo através de uma silhueta escondida e protegida pelos volumes dramáticos, pelos comprimentos ampliados e pelo design que deixava muito pouco para a imaginação justamente por conta dessas características. O momento, afinal, era de recolhimento até por uma questão de preservação da saúde. Já nos desfiles que seguiram o período pós (mas nem tanto) –pandêmico, testemunhamos a revisitação de uma linguagem extremamente sensual, muitas vezes ignorada e até repudiada pela moda. Na temporada spring 22, presenciamos os recortes extremos, os comprimentos reduzidos, a pele à mostra sem qualquer sombra de modéstia e a tão esperada libertação do corpo através da sensualidade pura. De acordo com as apresentações da temporada pre-fall 2022, no entanto, essa sensualidade sofre uma atualização e encontra um meio termo entre aquela estética relaxada e escondida do cenário pandêmico e o visual sexy elevado à máxima potência explorado na temporada passada.

 

 

É o movimento que chamamos de RELAXY. O visual pontuado por características sedutoras (recortes, transparência, comprimentos diminutos, cores densas, texturas chamativas etc.) se une a um design mais relaxado e despretensioso, formando um novo conceito de sensualidade longe da ideia de restringir justamente porque mostra demais.

 

 

A premissa aqui é manifestar o corpo de maneira que não haja limitação por receio da revelação exagerada. Ainda que as características mais marcantes do estilo sensual estejam presentes, elas são neutralizadas pelas modelagens amplificadas, pelo styling casual, pelos acessórios confortáveis e pelas texturas que são reveladoras na medida.

 

SPFW52 | os movimentos que marcaram a semana de moda paulistana (pt.2)

26.11.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 


 

Os itens artesanais mostrados nesta edição da SPFW foram elevados a um nível de sofisticação inédito. Produções inteiramente feitas em tricô, crochê, palha e demais fibras naturais foram inseridas em um contexto muito mais elegante do que é geralmente esperado do visual feito à mão. Além de primoroso, o processo também é um meio de transformação e locomoção social de pequenos produtores e artesãos que basicamente vivem de sua arte, como o Projeto Ponto Firme, que objetiva educar e ressocializar pessoas que saíram do regime carcerário e o Ateliê Mão de Mãe, que é uma marca baiana que segue a linha slow fashion e tem sua produção inteiramente dedicada ao crochê.

 


 

Formas arredondadas apareceram tanto em dimensões mais discretas, através da marcação nos ombros e de mangas amplas, como nas versões mais literais e dramáticas vistas na passarela de Lenny Niemeyer e nos casaquetos abalonados da Lilly Sarti. A figura pode ser considerada simbólica em um momento como o nosso, de ressignificações, compreensões e aprendizados. Encerramentos, inícios e novos encerramentos (e novos inícios) são constantes e contínuos em todas as fases da nossa vida, mas parece que a ideia de ciclos – e círculos – é mais assídua em épocas de insegurança.

 


 

O visual atrelado a ambientes urbanos, mais denso, de tons profundos e materiais pesados recebe um contexto mais alternativo por meio do jogo de comprimentos alongados trabalhados em camadas, dos recortes acentuados, da leveza de vestidos transparentes e de detalhes caóticos que contextualizam a imagem final.

 


 

A ancestralidade mostrada através de referências familiares e religiosas se desenvolve a partir de um processo de autoconhecimento e respeito por parte dos estilistas, que dividem suas raízes com o público de maneira honesta e sensível.

SPFW 52 | os movimentos que marcaram a semana de moda paulistana (pt.1)

25.11.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

Após quase dois anos, a semana de moda de São Paulo retorna em formato quase 100% presencial e com mudanças significativas no que diz respeito ao incentivo de novos talentos, diversidade e produção de uma moda cada vez mais autoral. O caminho é longo, porém irreversível. Vamos aos principais movimentos observados na SPFW 52:

 


 

Nesta temporada diversas marcas criaram uma imagem de sofisticação autoral e repleta de brasilidade. Ao mesmo tempo que a estética se mostra polida, o resultado final demonstra um borogodó que só as brasileiras possuem. A linguagem de um estilo clássico traduzido pela alfaiataria, pelas cores tradicionais e pelas modelagens retas ganha audácia por meio de recortes inusitados, pelo jogo de proporções e comprimentos, pelos detalhes artesanais que imprimem uma certa rusticidade ao visual, pelos acessórios despojados e pela atitude despretensiosa que o styling sugere.

 


 

Através de movimentos alternativos, como o projeto Sankofa, permitimos que a moda alcance talentos fora do círculo tradicional (e branco) de poder. Nesta SPFW nos deparamos com olhares que vão muito além da estética Rio/São Paulo burguesa e testemunhamos uma (ainda) pequena fração da riqueza cultural que até pouco tempo não fazia parte da bolha da semana de moda paulistana. A diversidade de corpos e raças, a linguagem visual periférica tão marginalizada, as referências orgulhosas nortistas e nordestinas trazidas por estilistas destas regiões (e não simplesmente usurpadas por profissionais do sudeste que insistem em referenciar sem de fato creditar ou utilizar meios propícios de redirecionamento de lucro sob a desculpa da “homenagem”), as inspirações na música negra e periférica, a influência das crenças e religiões de matriz africana, a história de figuras da militância afro. É a moda usada como instrumento político de resistência e ascensão de narrativas por tanto tempo apagadas e ignoradas.

 


 

Nesta temporada as dinâmicas visuais ligadas à performance e à funcionalidade ganham vibrações sensuais através do corpo à mostra como tema central do movimento. É a união entre a robustez do utilitarismo e a confiança atrelada à imodéstia.

 


 

Peças classificadas como tradicionais, a exemplo de camisas, trench-coats, calças de alfaiataria, tricôs, saias de comprimento midi etc., são revisitadas pelas mãos de estilistas que buscam visões alternativas para a transformação do clássico. Assim, blazers ganham detalhes utilitários, conjuntos de alfaiataria são confeccionados em tons mais vibrantes e recebem ousadia no acabamento ou nos acessórios e itens mais austeros são finalizados com calçados urbanos modernos, tops e peças de complementação volumosas.

dossiê STREET STYLE – os movimentos encontrados nas ruas durante a temporada spring 22 | pt. 2

21.10.21 | Semanas de Moda Street Style


 

Na segunda e última parte das nossas análises do street style da temporada spring 22 RTW vimos que ainda existem resquícios da estética protetora que surgiu em razão da pandemia, pontuada pelo design marcante das proporções volumosas e dos comprimentos alterados de mangas e barras que ajudam a esconder a silhueta quase que por completo. Em contrapartida, os pés começam a ser mostrados através de sandálias mais reveladoras e que carregam uma forte influência dos anos 90. No campo dos tons, o verde em sua versão mais vibrante aparece de forma recorrente e, assim como o movimento das dimensões ampliadas que sugere distância e segurança, pode-se dizer que sua presença também tem ligação com o cenário pandêmico, já que, segundo os estudos que relacionam as sensações das cores ao marketing, o verde traz a percepção do ato de seguir em frente, além de ser ligado à natureza e, por consequência, a atitudes mais sustentáveis. O estilo como forma de expressão, muito mais do que um movimento de moda, é um ato de posicionamento e resistência. Mostrar suas singularidades ao mundo através da roupa sem se preocupar com regras antiquadas ou estéticas preestabelecidas é um dos propósitos mais nobres da moda e muitas frequentadoras das semanas de moda internacionais colocaram essas premissas em prática ao se revelarem visualmente de maneira criativamente livre.

 

dossiê STREET STYLE – os movimentos encontrados nas ruas durante a temporada spring 22 | pt. 1

19.10.21 | Semanas de Moda Street Style


 

O street style nos principais circuitos das semanas de moda internacionais é sempre uma ótima fonte de conteúdo para quem se interessa ou trabalha com moda. Desta vez, ao invés de fazermos nossas análises dos movimentos visuais das ruas divididas por cidade, resolvemos montar um compilado de tudo que observamos nas portas dos desfiles de NY, Londres, Milão e Paris, até para confirmarmos como as tendências mais fortes se repetem em diferentes lugares. Na primeira parte das nossas pesquisas, notamos que a densidade se fez presente nos detalhes, seja através dos calçados, dos acessórios ou de itens para complementação de produções mais delicadas. A sensualidade, talvez um dos maiores movimentos observados nas passarelas da temporada spring 22, começa a dar as caras nas ruas através de peças estrategicamente recortadas que, como vimos, se tornarão ainda mais dramáticas a partir das próximas estações. Feminilidade com atitude é a expressão que define a estética dessas primeiras impressões do street style desta temporada, lembrando, a primeira com diversos desfiles presenciais após um hiato de quase dois anos por conta do cenário pandêmico. Justamente por isso é que talvez a ousadia fantasiosa de outrora tenha dado lugar a visuais um pouco mais comedidos, porém não menos chamativos, com atenção voltada especialmente para a revelação da silhueta. Confira:

 

PFW S/S/ 22 – os conceitos dos desfiles que encerraram a semana de moda de paris | pt.2

14.10.21 | Look da Paula Moda Semanas de Moda


 

Mais uma temporada encerrada e aqui também finalizamos as análises iniciais sobre os movimentos, os conceitos e as estéticas que cercaram as apresentações de NY, Londres, Milão e Paris. Muita coisa mudou após o período turbulento que enfrentamos (e ainda estamos enfrentando)? As temporadas passadas que se deram no meio do período crítico da pandemia nos indicaram que sim, que a moda sofreria alterações significativas a fim de se tornar algo mais perto da inclusão, da ideia democrática, da sustentabilidade, da responsabilidade social e emocional e mais longe do papel elitista e opressor em diversos sentidos. Mas esta temporada nos mostrou que a moda ainda está um pouco longe de cumprir com efetividade a sua função social. No direito, o princípio da função social abrange não somente os interesses privados, mas também coletivos e garante que as relações jurídicas cumpram certas regras a fim de prevaleça o bem comum e a redução nas desigualdades sociais. Muito progresso já foi realizado, mas parece que nesta temporada voltamos algumas casas no jogo da vida. Moda também é sonho, escapismo, beleza, mas não pode ser só isso. Ao menos não no sentido estrito destes conceitos. Movimentos que enaltecem os corpos através da sensualidade pura com certeza foram os grandes destaques desta temporada, e do ponto de vista da liberdade feminina, especialmente em tempos onde a nuvem carregada do conservadorismo hipócrita paira sobre o mundo, são mais do que bem-vindos. Mas enaltecer este movimento através de um único padrão magro – esquelético em alguns casos – e previsível, como foi o caso de inúmeras marcas, ainda parece muito distante da mudança ideal que esperávamos que essa pandemia faria acontecer. Desfiles longos e com dezenas de looks também voltaram com força e certamente batem de frente com ideais sustentáveis de consumo. Afinal, precisamos de mais? É certo que a roda da economia precisa voltar a girar, mas insistir em um modelo antiquado de coleções intermináveis e silhuetas padronizadas é um meio eficaz de fazer isso acontecer? Deixamos aqui algumas reflexões sobre como poderíamos, de fato, tornar essas indústria um pouco mais relevante do ponto de vista do cumprimento da função social e abaixo você encontra outras reflexões a respeito dos movimentos propriamente ditos. Moda, afinal, também possui esse viés encantador de representar visualmente um período, de nos fazer pensar a respeito do que foi proposto por um designer através de imagens e de conceitos e de, sim, nos enriquecer culturalmente quando buscamos esses conceitos mais a fundo. A moda não é a vilã, e sim o que fazemos dela.

 

PFW S/S 22 – os conceitos dos desfiles que encerraram a semana de moda de paris | pt. 1

07.10.21 | Moda Semanas de Moda


 

A semana de moda de Paris é uma das mais ricas no sentido de criação de conteúdo. Muitos desfiles importantes de marcas consagradas e apresentações de nomes emergentes fazem deste circuito uma verdadeira fonte de captação de movimentos significativos que servirão de norte para o mercado. Sobre os desfiles que encerraram a semana de moda parisiense, dividimos nossas análises em duas partes para que o conteúdo seja absorvido com mais reflexão e também porque são nos últimos dias que marcas grandiosas costumam se apresentar, trazendo ainda mais informação para o nosso material.