PFW fall 22 street style | Ir além no conteúdo e no visual

23.03.22 | moda pra pensar Semanas de Moda Street Style


 

Estamos sempre indo além. O mercado de trabalho sempre nos exigiu pensamentos e atitudes fora da caixa e as redes sociais vieram para reforçar esse comportamento. Nos deparamos com um conteúdo e logo a aba do “arrasta pra cima” já está pipocando em nossa tela, nos instigando a ir além do que foi inicialmente apresentado. A geração “swipe up” mostra que é possível ir além não apenas no conteúdo, mas também no estilo. Vimos nas ruas da semana de moda de Paris que um casaco não é só um casaco, que uma calça não é só uma calça e que, de fato, um acessório ou uma cor bem escolhidos criam uma narrativa diversa para se ir além do esperado. São detalhes enriquecedores e interferências inusitadas que tiram qualquer peça do lugar de trivialidade e transformam o visual em um verdadeiro manifesto. Pense em recortes, texturas, tons e elementos de design colocados em contextos inesperados que empurram o estilo para um nível muito mais criativo e arriscado. Observe os detalhes e se permita ir além.

 

PFW Fall 22 | Os principais contextos das apresentações parisienses

16.03.22 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

O circuito de Paris é sempre um dos mais aguardados das temporadas de moda, seja pela tradição, seja pelas apresentações de alguns dos nomes mais importantes da indústria. O que notamos, no entanto, foi uma ausência de inovação, salvo por algumas marcas que já se destacam pela experimentação. Talvez as nossas expectativas tenham sido um pouco elevadas com esses primeiros desfiles presenciais após o período de confinamento, mas a impressão geral que as apresentações nos causaram foi de prudência – voltar devagar, não mostrar todas as cartas de uma vez. Afinal, é esperado e até recomendado que a moda pise um pouco no freio para absorver todas as mudanças que os últimos acontecimentos globais causaram nos consumidores e talvez seja essa a razão do nosso sentimento de comedimento criativo. O que se viu, além das confirmações de alguns dos movimentos que observamos nos circuitos anteriores, foi principalmente o resgate de estéticas e narrativas vistas há poucas temporadas, como a bota over the knee, os maxi suéteres e a revisitação do estilo gótico. Composições que antes eram descritas como sendo de inspiração no universo da alfaiataria masculina ganham um destaque importante nas passarelas desta temporada e geram um debate acerca da roupa de gênero fluído: ainda é pertinente que digamos que esse visual é de influência masculina? Por que não dizer simplesmente que essa linguagem faz parte de um repertório de vestuário independente de gênero? Afinal, homens vestem saias e mulheres vestem calças (apenas para citar algumas peças que são rotuladas como masculinas e femininas) e dizer que um ou outro está “vestida de homem” ou “vestido de mulher” nos parece um tanto quanto ultrapassado. Por isso escolhemos dar a esse movimento o nome de “power dressing”, inspirado pela tribo dos yuppies dos anos 80 (tanto faz se homens ou mulheres) que carregavam uma imagem corporativa marcante pelas características do período. No âmbito dos movimentos que surgem de pautas contemporâneas, temos uma evolução do contexto de proteção que despontou em função da pandemia – antes caracterizado pelas roupas que escondiam e protegiam a silhueta do toque, hoje inspirado pelos esportes radicais – e também a revitalização de algumas peças do armário que ganham novo fôlego através de interpretações alternativas para sua função original, indicando uma preocupação com questões sustentáveis.