retrospectiva 2022 – os melhores desfiles internacionais deste ano

22.12.22 | Get Inspired By Moda


 

Com o final do ano se aproximando chega a hora de fazermos um balanço sobre os principais movimentos e apresentações que ocorreram no circuito internacional de semanas de moda. Na nossa opinião dez coleções se destacam não apenas pelo quesito inovação, mas também por marcas com identidades muito fortes terem escolhido caminhos diversos, outras por terem apostado na excelência da técnica mesmo em estéticas mais minimalistas, ou mesmo por reafirmar, a cada temporada de maneira distinta, sua herança e trajetória. Confira quais foram os desfiles que mais nos impactaram neste ano.

 


Moda pra pensar: o que está por trás do combo calça + regata branca

25.03.22 | Moda moda pra pensar Semanas de Moda


 

Sempre que assistimos aos desfiles de uma semana de moda esperamos encontrar algo novo. Seja pela reedição de movimentos passados, seja pela experimentação, fato é que ansiamos por uma representação visual que fuja da trivialidade do ato de vestir para o dia a dia. Mas a verdade é que a moda, muito mais do que oferecer a vanguarda, também é uma maneira de interpretação do presente e embora o conceitual tenha feito parte de algumas apresentações uma mistura considerada óbvia deu as caras em alguns desfiles importantes, o que nos fez pensar sobre a razão de ela estar ali. Estamos falando do combo mais básico, democrático e seguro de todos: calça + regata branca. Ver uma composição destas abrir um desfile de peso como ocorreu com na Bottega Veneta nos intrigou e nos instigou a colocar a cabeça pra funcionar, afinal, nada na moda é por acaso.

 


 

Então absorvemos o que está acontecendo hoje. Temos acesso a todo tipo de informação e de uma forma muito veloz. Basta uma simples passeada pelo feed do Instagram para sabermos das últimas novidades direcionadas para todo tipo de assunto. De design à política, passando pelos benefícios de velas aromáticas até as últimas informações sobre a guerra (seja aquela feita pelos homens, seja contra os microrganismos). Consumindo cada vez mais conteúdo, temos também as ferramentas que permitem que essa absorção seja cada vez mais dinâmica. O clique ao alcance, os áudios com velocidade dobrada, corretores de celulares com frases prontas e toda sorte de recursos que disponibilizem o acesso rápido à informação demonstram que estamos vivendo o presente com a urgência de se ter tudo à mão. E este é um look que manifesta essa urgência. Simples, de fácil acesso, inclusiva e versátil, esta é uma composição que pode ser feita às pressas já que não demanda muita ponderação. Afinal, se já temos nossos pensamentos voltados quase que inteiramente para o bombardeio diário de informações diversas que ocupam grande parte da nossa mente e do nosso raciocínio, não deveríamos nos submeter a mais uma preocupação, no caso, o ato de vestir. Além da representação desse estilo de vida baseado na urgência e na catalogação de prioridades, uma base como esta gera possibilidades amplas da criação de novos looks com pequenas mudanças, especialmente no inverno quando os itens de complementação são indispensáveis para o conforto térmico.

 

 


 

E isso é bom ou ruim? Depende. Se essa representação estética significa menos consumo (como mencionamos, é uma base democrática que amplia as possibilidades de complementação e novas manifestações visuais), menos estresse (já que é uma coisa a menos para se preocupar no dia) e uma moda mais acessível (é uma combinação que está ao alcance de todos), podemos considerar que é um movimento bom. Entretanto, se ele existe somente em função de enaltecer esse estilo de vida baseado na pressa e de nos tornar neutros frente essa descarga desenfreada de conteúdo diário (nem sempre de qualidade) o impacto é outro.

 

 

De qualquer forma é uma combinação que representa nosso atual momento, de outras prioridades, de outras urgências, de outros conflitos e essa combinação nada mais é do que uma prioridade, uma urgência e um conflito a menos em nossas vidas.

 

PFW fall 22 street style | Ir além no conteúdo e no visual

23.03.22 | moda pra pensar Semanas de Moda Street Style


 

Estamos sempre indo além. O mercado de trabalho sempre nos exigiu pensamentos e atitudes fora da caixa e as redes sociais vieram para reforçar esse comportamento. Nos deparamos com um conteúdo e logo a aba do “arrasta pra cima” já está pipocando em nossa tela, nos instigando a ir além do que foi inicialmente apresentado. A geração “swipe up” mostra que é possível ir além não apenas no conteúdo, mas também no estilo. Vimos nas ruas da semana de moda de Paris que um casaco não é só um casaco, que uma calça não é só uma calça e que, de fato, um acessório ou uma cor bem escolhidos criam uma narrativa diversa para se ir além do esperado. São detalhes enriquecedores e interferências inusitadas que tiram qualquer peça do lugar de trivialidade e transformam o visual em um verdadeiro manifesto. Pense em recortes, texturas, tons e elementos de design colocados em contextos inesperados que empurram o estilo para um nível muito mais criativo e arriscado. Observe os detalhes e se permita ir além.

 

PFW Fall 22 | Os principais contextos das apresentações parisienses

16.03.22 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

O circuito de Paris é sempre um dos mais aguardados das temporadas de moda, seja pela tradição, seja pelas apresentações de alguns dos nomes mais importantes da indústria. O que notamos, no entanto, foi uma ausência de inovação, salvo por algumas marcas que já se destacam pela experimentação. Talvez as nossas expectativas tenham sido um pouco elevadas com esses primeiros desfiles presenciais após o período de confinamento, mas a impressão geral que as apresentações nos causaram foi de prudência – voltar devagar, não mostrar todas as cartas de uma vez. Afinal, é esperado e até recomendado que a moda pise um pouco no freio para absorver todas as mudanças que os últimos acontecimentos globais causaram nos consumidores e talvez seja essa a razão do nosso sentimento de comedimento criativo. O que se viu, além das confirmações de alguns dos movimentos que observamos nos circuitos anteriores, foi principalmente o resgate de estéticas e narrativas vistas há poucas temporadas, como a bota over the knee, os maxi suéteres e a revisitação do estilo gótico. Composições que antes eram descritas como sendo de inspiração no universo da alfaiataria masculina ganham um destaque importante nas passarelas desta temporada e geram um debate acerca da roupa de gênero fluído: ainda é pertinente que digamos que esse visual é de influência masculina? Por que não dizer simplesmente que essa linguagem faz parte de um repertório de vestuário independente de gênero? Afinal, homens vestem saias e mulheres vestem calças (apenas para citar algumas peças que são rotuladas como masculinas e femininas) e dizer que um ou outro está “vestida de homem” ou “vestido de mulher” nos parece um tanto quanto ultrapassado. Por isso escolhemos dar a esse movimento o nome de “power dressing”, inspirado pela tribo dos yuppies dos anos 80 (tanto faz se homens ou mulheres) que carregavam uma imagem corporativa marcante pelas características do período. No âmbito dos movimentos que surgem de pautas contemporâneas, temos uma evolução do contexto de proteção que despontou em função da pandemia – antes caracterizado pelas roupas que escondiam e protegiam a silhueta do toque, hoje inspirado pelos esportes radicais – e também a revitalização de algumas peças do armário que ganham novo fôlego através de interpretações alternativas para sua função original, indicando uma preocupação com questões sustentáveis.