a estética do CAOS

18.01.23 | moda pra pensar



 

Não faz muito tempo que os conteúdos de gerenciamento de mídias sociais indicavam um feed agradavelmente estético e coeso como meio de crescimento no universo virtual, mas de acordo com as tendências em expansão para 2023, essa é uma abordagem que já não tem apelo, especialmente quando falamos da geração Z. Em um mundo cada vez mais rodeado de incertezas e Inseguranças, a população mais jovem busca uma ligação real com os criadores de conteúdo que pode ser traduzida basicamente por menos curadoria e mais conexão. E é aí que entra em cena um dos grandes movimentos culturais e visuais deste ano que é o da estética do caos.

 

 

Imagens mais orgânicas e de aparência borrada, styling menos elaborado, a autenticidade que se sobrepõe à cópia e redes sociais que enaltecem a realidade que nos cerca de forma crua são algumas das características que mais atraem a GenZ, que encara esses elementos como uma forma de elevação do potencial criativo dentro de uma linguagem mais caótica para amadurecimento do estilo pessoal. A expressão “bad taste aesthetic” se refere a uma narrativa que abraça um visual subversivo e misturado, um ato de vestir intuitivo que explora as diversas possibilidades de um armário onde o design de urgência, o DIY e os meios de consumo alternativos entram como ferramentas para se criar uma identidade de estilo única, marcante pela experimentação livre de amarras e pela imagem inesperada.

 

 

Além do movimento estimular a criatividade através de um estilo pessoal que foge de regras e, portanto, cria formadores de opinião e influencers com maior escala de diferenciação (especialmente pela imagem), gerando em contrapartida um laço mais estreito de reconhecimento e conexão entre quem influencia e quem é influenciado, esse é o tipo de manifestação imagética que tem grande impacto sobre pautas sustentáveis, sobretudo ao desencorajar o consumo de novas peças quando possibilidades infinitas podem ser encontradas em nossos próprios armários.

 


A morte da calça skinny (?)

20.04.21 | Moda moda pra pensar Tendências


 

Já adiantamos a resposta: não é bem assim. A verdade é que depois de anos de reinado dos jeans mais justos em nossos armários, a preferência pela calça skinny caiu consideravelmente nos últimos tempos e podemos “culpar” a Geração Z por isso. Já é sabido que uma das características desse grupo é o exercício do novo olhar sobre o que já existe e dar preferência para uma moda que tenha propósito, narrativa, história e experiência, além, claro, das novas formas de consumo que visam hábitos menos impactantes no meio ambiente. As calças jeans que estão em evidência no momento, portanto, atendem às demandas dessa geração principalmente pelo visual – modelagens amplas, cinturas baixas a intermediárias e lavagens claras lembram dos jeans que eram usados nos anos 80 e 90 especialmente dentro do âmbito cultural e musical de diversos grupos urbanos – e pela possibilidade de se encontrar peças assim em meios de consumo alternativos, como brechós, feiras etc., o que corrobora com a pauta sustentável levantada pelos Z’s. Em que pese todos os motivos pelos quais as wide leg jeans estão em evidência, acreditamos que artigos que ditam a morte de uma calça skinny (ou de qualquer outro item) são um tanto quanto radicais. Existem peças que já se tornaram clássicos do armário e independem de tendências e nós colocamos as skinny nessa categoria, assim como blazers, camisetas, camisa branca etc. E mesmo que não fosse esse o caso da skinny, no final das contas as pessoas usam o que quiserem e quando quiserem. As calças justas têm seu valor visual, são versáteis, vestem uma infinidade de silhuetas, otimizam o armário e compõem edições interessantes de looks, tal como ocorre com as wide legs do momento. Claro que se informação de moda for algo importante na composição do seu visual, você vai dar um tempo para as suas skinny, mas “morte” já é algo mais ditatorial e nós repudiamos qualquer forma de limitação das suas expressões de estilo. Use skinny, use baggy, use o que quiser!

 


Reformulação extrema – Marcas que estão de olho no poder da Gen Z

02.12.20 | It girl moda pra pensar


 

Muito se tem falado sobre a Geração Z – aquela pós millennials nascida a partir de meados dos anos 90 até a última década – e sobre como é possível alcançá-los em termos de consumo. O que se sabe sobre este grupo é que, diferente da geração anterior, seu poder de adaptação frente às demandas de trabalho é muito maior, já que eles não acreditam em viver apenas de um tipo de profissão – o que se mostra uma vantagem inegável diante da crescente crise de emprego que assola o mundo pós-pandêmico. Além disso, eles encaram assuntos que as gerações anteriores consideram como Tabu de maneira muito natural e sua capacidade de inclusão, senso de equidade e empatia são muito mais aguçados. Como uma geração que nasceu sob forte influência da tecnologia, tudo acontece mais rápido; eles são ativos nas redes sociais e as usam para informação e disseminação de ideias geralmente ligados a dilemas e demandas sociais da atualidade. Eles também não acreditam em perfeição. São bem mais realistas em relação ao futuro, criam e consomem imagens que legitimam essa ideia de imperfeição, questionam e repudiam padrões conservadores e prezam pelo estilo próprio através de história, experiência, consciência ambiental, performance e conforto. Sabendo dessas informações, como é possível promover um apelo às demandas dos GenZers? Vimos nesta última temporada de desfiles que diversos nomes, inclusive alguns bem tradicionais, promoveram uma reformulação radical em suas linhas criativas com um intuito claro de alcançar a geração Z. Mas porque?

 

 

Sabendo das características desse novo consumidor, podemos pensar que o rejuvenescimento da imagem de algumas marcas pode ser mais sobre adaptação diante da mudança do poder econômico para gerações mais jovens. E a mudança é significativa, acredite. Com novos meios de se ganhar dinheiro, imagine quanto uma geração que nasceu conectada é capaz de produzir, sabendo desde sempre sobre a linguagem das redes e seu poder de influência. Não se engane, no final das contas, marcas são empresas e empresas precisam de lucro. Além do poder aquisitivo motivado por novas frentes de trabalho, representadas pelos conteúdos gerados através de redes sociais, temos também o poder de influência. A geração Z consome o que atinge os seus ideais e ninguém melhor do que um próprio GenZ para exercer influência entre os seus. Quando vemos a atriz Zendaya nas primeiras filas dos desfiles ou a cantora Billie Eilish com marcas importantes dos pés à cabeça nos tapetes vermelhos de grandes premiações, não é por acaso. Essas são duas das representantes mais expressivas da GenZ, das suas prerrogativas e da imagem que ela deseja consumir.

 

 

 

A combinação entre poder aquisitivo alto e grande capacidade de influência é imbatível e é justamente por essa junção que a GenZ vem recebendo as atenções de marcas tradicionais da indústria. E não pense que isso é ruim. Essa adaptação ainda conta com certas vantagens para a sociedade. Sendo essa uma geração ligada a problemas sociais, que busca enaltecer a diversidade e quer experiências ao invés do consumo vazio, grandes nomes do mercado se forçam a buscar soluções mais sustentáveis paras seus produtos, a abraçar corpos e mentes diversos para seus desfiles, campanhas, cargos etc., a produzir roupas corretas, que não tenham origem no trabalho escravo ou análogo à escravidão, por exemplo, que não sejam produzidas com matéria-prima que acirra o desmatamento e por aí vai. A adaptação ocorre em todas as áreas. É preciso seguir em frente e reconhecer a importância de gerações mais jovens em especial esta, que chega para desafiar velhos códigos, quebrar a barreira do “comum” e, claro, consumir o novo luxo – muito mais engajado e alinhado com as demandas contemporâneas da sociedade.