OSCAR 2021 | nossos looks preferidos do red carpet

28.04.21 | Lifestyle Moda


 

Neste domingo aconteceu a cerimônia de entrega do Oscar e como já é de costume, nós aqui do escritório analisamos todos os looks e cada detalhe para podermos eleger nossos preferidos e contar para vocês. Ao contrário dos outros anos, o evento teve uma atmosfera mais intimista e com bem menos convidados, o que não impediu, no entanto, que o glamour do tapete vermelho fosse prejudicado. Veja quais foram nossas produções favoritas desta edição.

 

 

Impressiona o quanto a atriz de 62 anos é radiante e esse Alberta Ferretti teatral só evidenciou isso. A atriz já atingiu o posto de lenda do cinema então a peça faz jus ao seu legado. Cor intensa, mangas dramáticas, fenda marcante e o mix de texturas são características de um vestido que pede por alguém ainda mais exuberante, caso contrário só a peça apareceria. Nesse caso, vestido e indivíduo se completam e se complementam com afinação.

 

 

Nós amamos a jovialidade trazida pelo top da escolha de Carey Mulligan. A atriz tem um perfil delicado e o detalhe faz com que a mistura de proporções entre a saia e a parte de cima equilibre essa característica, caso contrário o vestido poderia engolir a atriz. Elegante e ao mesmo tempo moderno.

 

 

Essa é daquelas peças que você precisa olhar e analisar várias vezes, já que em cada momento um novo detalhe é percebido. O vestido é interessante e encaixa bem no estilo diferenciado da cantora. Possui texturas distintas, um design de referência quase religiosa, que é quebrado pelos punhos de mood fetichista e os detalhes no colo – transparência na gola, broche dramático e franjas metálicas. Mas o que chama mais atenção é a clutch que reproduz um coração humano e que saiu diretamente da última coleção apresentada pela Gucci há pouco mais de 10 dias.

 

 

Chloé Zhao fez história nesta premiação como a segunda mulher a ganhar a estatueta de melhor direção e a primeira de origem asiática. Com apenas três filmes em seu currículo como diretora, roteirista e produtora, Zhao saiu como uma das grandes ganhadoras da noite com Nomadland e mesmo com tanto furor sobre seu trabalho, a simplicidade da cineasta parece desafiar todos os códigos antigos e, porque não dizer, machistas, do que se espera da figura de uma mulher na indústria cinematográfica. Isso não pode ser interpretado como desrespeito e tampouco como uma crítica a quem prefere outro tipo de glamour. Na verdade, Zhao abre possibilidades para que uma imagem mais plural e diversificada surja para outras tantas figuras femininas deste universo, sem que isto seja motivo para piadas, críticas ou cancelamentos.

 

 

A cantora italiana concorria ao prêmio de melhor canção pela sua interpretação da música “lo sí”. Pausini perdeu a estatueta mas certamente ganhou como uma das mais bem vestidas da noite com este vestido Valentino de design atemporal e elegância clássica.

 

 

Nós já falamos diversas vezes que amamos um terno em eventos muito formais, como é o caso do Oscar. Ainda mais se for uma composição tão diferenciada quanto esta vestida pela cantora Tiara Thomas. Tem transparência, tem decotão, tem pluma e ombros acentuados, mas também tem caimento bonito, qualidade inquestionável e beleza a perder de vista. Tudo em perfeita harmonia.

 

 

Viola Davis está sempre presente nas nossas listas porque nunca erra. A atriz, além de ficar deslumbrante de branco, ainda escolheu um vestido muito especial Alexander McQueen feito exclusivamente para ela. Os recortes e a estrutura da parte superior da peça contrastam e se equilibram com a fluidez da saia mas ao mesmo tempo se encontram nas linhas orgânicas. Interessante e incomum, a peça é daquelas que pode ser analisada com uma lupa e mesmo assim nenhum defeito será encontrado. Essa é a excelência produzida por Mcqueen e brilhantemente levada adiante por Sarah Burton, sua sucessora.

 

 

O Valentino solar da atriz roubou a atenção no Oscar, especialmente porque foi combinado com um colar Bulgari de 183 quilates avaliado em mais de 6 milhões de dólares. Joias muito marcantes costumam pesar no visual, o que não aconteceu com a atriz justamente pela jovialidade do vestido. O tom brilhante, os recortes, a fluidez e o cabelo naturalmente solto fizeram com que o resultado final ficasse leve e divertido. Mais um look a favor de uma das maiores promessas da TV e do cinema, que também tem se mostrado um verdadeiro ícone de estilo.

 

 

Esta, sem dúvidas, foi a nossa preferida da noite. Regina King surgiu esplêndida neste Louis Vuitton arquitetônico e feito sob medida. Regina estreou este ano como diretora no longa One Night in Miami e como resultado de sua bem-sucedida empreitada, ganhou três indicações nesta premiação. Ao longo do ano, a atriz e diretora tem mostrado uma imagem bem trabalhada e coesa, com peças diferenciadas e marcadas por estruturas contemporâneas. Mas, como sabemos, Oscar é Oscar e para o final da temporada de premiações a atriz solicitou um vestido a altura. Entra em cena o brilhante trabalho de Nicolas Ghesquière, diretor criativo da Louis Vuitton, que tem construído um legado em seus quase oito anos a frente da marca. Com mais de 62.000 cristais, metros e metros de cetim e mais de 140 horas de produção, a peça teve o intuito de causar impacto na audiência e de trazer um pouco de fantasia para os momentos tão sombrios que estamos vivendo. Objetivo alcançado com sucesso!

 

 

Os homens também não decepcionaram e se distanciaram, em sua maioria, do “visual George Clooney” que toma conta das produções masculinas em tempos de premiação. Desta vez os homens também adicionaram boas doses de estilo ao tapete vermelho e dois convidados merecem uma menção honrosa pelos seus trajes. Lakeith Stanfield de Saint Laurent evocou uma atmosfera retrô setentista que tem tudo a ver com o filme Judas e o Messias Negro, no qual é um dos protagonistas, cuja história se passa no final dos anos 60. Já Colman Domingo quebrou todos os códigos antiquados do dress code masculino ao surgir com esse terno Versace de um tom de pink potente e aplicações metalizadas no blazer para finalizar.

 

A morte da calça skinny (?)

20.04.21 | Moda moda pra pensar Tendências


 

Já adiantamos a resposta: não é bem assim. A verdade é que depois de anos de reinado dos jeans mais justos em nossos armários, a preferência pela calça skinny caiu consideravelmente nos últimos tempos e podemos “culpar” a Geração Z por isso. Já é sabido que uma das características desse grupo é o exercício do novo olhar sobre o que já existe e dar preferência para uma moda que tenha propósito, narrativa, história e experiência, além, claro, das novas formas de consumo que visam hábitos menos impactantes no meio ambiente. As calças jeans que estão em evidência no momento, portanto, atendem às demandas dessa geração principalmente pelo visual – modelagens amplas, cinturas baixas a intermediárias e lavagens claras lembram dos jeans que eram usados nos anos 80 e 90 especialmente dentro do âmbito cultural e musical de diversos grupos urbanos – e pela possibilidade de se encontrar peças assim em meios de consumo alternativos, como brechós, feiras etc., o que corrobora com a pauta sustentável levantada pelos Z’s. Em que pese todos os motivos pelos quais as wide leg jeans estão em evidência, acreditamos que artigos que ditam a morte de uma calça skinny (ou de qualquer outro item) são um tanto quanto radicais. Existem peças que já se tornaram clássicos do armário e independem de tendências e nós colocamos as skinny nessa categoria, assim como blazers, camisetas, camisa branca etc. E mesmo que não fosse esse o caso da skinny, no final das contas as pessoas usam o que quiserem e quando quiserem. As calças justas têm seu valor visual, são versáteis, vestem uma infinidade de silhuetas, otimizam o armário e compõem edições interessantes de looks, tal como ocorre com as wide legs do momento. Claro que se informação de moda for algo importante na composição do seu visual, você vai dar um tempo para as suas skinny, mas “morte” já é algo mais ditatorial e nós repudiamos qualquer forma de limitação das suas expressões de estilo. Use skinny, use baggy, use o que quiser!

 


Análise de Estilo: SARAH JESSICA PARKER

15.04.21 | Get Inspired By Lifestyle Styling


 

Sarah Jessica Parker é conhecida por papéis marcantes na TV e no cinema, mas foi sua personagem Carrie Bradshaw em Sex and the City que alçou a atriz a ícone fashion. Mas muito além da imagem de Carrie, Sarah tem um senso estético muito apurado e seu estilo contemporâneo, criativo e por vezes dramático é tão inspirador quanto sua personagem. Em tempos pandêmicos, no entanto, pode ser um pouco mais difícil, pelo menos para a maioria das pessoas, pensar em uma composição estética mais complexa diante de tantas outras prioridades. Há algum tempo nos analisamos o estilo da Atriz Katie Holmes (para ver o post clique aqui) e em como sua figura casual com pitadas de sensualidade e atmosfera urbana combina com os tempos atuais. Isso não significa, entretanto, que uma imagem mais trabalhada e até exuberante não possa se encaixar no presente. Basta ver os desfiles das semanas de moda que aconteceram durante esse período de pandemia com o consequente isolamento social para perceber que looks extravagantes foram tão explorados quanto os mais confortáveis, justamente por trazerem essa ideia de otimismo em relação ao futuro.

 

 

 

No caso de Sarah, fica claro que seu estilo sofreu algumas intervenções que se encaixam no atual período, mas mesmo assim não perderam sua essência mais luxuosa e experimental. O que diferencia as produções da atriz são justamente as misturas inusitadas e os truques de estilo que fazem o resultado final pertinente para o momento. Calças de moletom entram nos looks da atriz, mas do jeito dela: encurtadas, com barras elásticas marcantes, misturadas com peças de complementação mais chamativas e acessórios festivos (máscaras texturizadas, pontos de cor intensos, materiais refletivos etc.). Até as produções que num primeiro momento parecem ser mais básicas ganham riqueza nos detalhes, em especial os calçados. A atriz mostra que o estilo não precisa ser sacrificado por conta de tempos mais inseguros, mas pode ser adaptado.

 

 

 

primavera/verão 2022 | OVER THE TOP

25.03.21 | Moda Tendências


 

Quando tratamos dos movimentos de moda sempre olhamos para o futuro de acordo com o que acontece no presente. Nesse sentido, muito tem se falado a respeito dos looks confortáveis, que lembram da segurança (e muitas vezes da melancolia) do lar e da obrigação de se permanecer dentro de casa. Por conta disso as releituras dos conjuntos de moletom e das ditas “roupas de ficar em casa” foram bastante vistas durante as apresentações da temporada spring 2021 (que correspondente a nossa primavera/verão 2021/22) e sem sombra de dúvida se tornaram um dos movimentos mais importantes deste período pandêmico. Mas na contramão do aconchego extremo, está este movimento. É certo que muita gente vai querer se livrar da imagem dos dias de confinamento e botar para jogo suas peças mais extravagantes quando nossa liberdade voltar a ser algo possível. De olho nesse consumidor, muitas marcas se voltaram para um visual dramático, exagerado e que remete muito a essa ideia de escapismo que também é um dos papeis da moda. São texturas reluzentes, sobreposições extremas, volumes teatrais, matéria-prima nobre e, em alguns casos, todas essas características juntas. Muito desse movimento vem de referências dos looks da era disco da década de 70 e na extravagância quase lúdica dos anos 80. A ideia aqui é de otimismo, de esperança em um futuro menos nebuloso e mais colorido.

 

Temporada FALL 21 | era do gelo

23.03.21 | Semanas de Moda Tendências


 

Nós já falamos sobre alguns movimentos de moda que percebemos durante as apresentações da temporada fall 21 e muito do que vimos até agora tem relação com atitudes mais sustentáveis, através do exercício de renovar e otimizar peças já existentes, do resgate de uma atmosfera retrô, que também acena para o ato de voltar a usar algo esquecido, ou mesmo consumir de maneiras alternativas, se voltando para as trocas ou brechós, por exemplo. Também já falamos sobre o movimento da sobrevivência (para relembrar, clique aqui) que aponta para as diversas nuances a respeito do tema, seja através do conforto que remete à segurança do lar, passando pelas referências apocalípticas do cinema, dos games e da literatura, chegando ao visual composto por diversas camadas que sugere a resistência através de uma vida nômade. A exploração das nossas formas tão plurais e subjetivas de sobreviver também engloba encontrar maneiras mais sustentáveis de consumir e ambos os movimentos podem ser inseridos no conceito deste que chamamos de “A Era do Gelo”. Se observarmos o que foi apresentado nessas recentes coleções, veremos uma interpretação dramática do que a moda espera para o futuro, em especial para o inverno que, com base nos looks criados, será implacável. O exagero das camadas, o volume e o peso dos casacos, a utilização de matéria prima que remete à ancestralidade humana (pelos fake em especial) e a proteção do corpo elevada a níveis extremos propõe não só um visual glamouroso e ao mesmo tempo preparado para as temperaturas glaciais, mas também nos convida a refletir sobre a necessidade de se vestir dessa maneira. Será que com nossos hábitos atuais estaríamos caminhando para uma nova era do gelo? As passarelas aqui indicam, num primeiro olhar, o ato de sobreviver a condições extremas, mas também podem ser interpretadas como um apelo para que repensemos nossas posturas para não chegar a este ponto.

 

PFW Fall 21 | os casacos que fazem a diferença

11.03.21 | Semanas de Moda Street Style


 

Na semana passada falamos sobre o street style da semana de moda de Milão (caso tenha perdido é só clicar aqui) e em como o momento atual impactou nas produções da ocasião, antes marcada por looks extravagantes, conceituais e compostos em sua esmagadora maioria por etiquetas restritas a uma pequena parcela da população. Com as apresentações da temporada acontecendo agora em Paris, notamos que a moda das ruas tem seguido a mesma linha estética mais modesta e desafetada da cidade italiana. A simplicidade nas escolhas das frequentadoras da Paris Fashion Week é evidenciada também pela impressão do exercício de revisitação do próprio armário. O diferencial aqui fica por conta dos casacos. Este item de complementação do visual tem um importante papel de deixar todo o resultado final mais interessante e em muitas vezes se torna o ponto de riqueza, o protagonista do look. E as imagens das ruas de Paris mostram exatamente isso. Houve um resgate dos casacos mais longos que substituem as jaquetas e os modelos médios das outras temporadas. Essas peças, ainda, chegam enriquecidas ou pelas texturas marcantes de materiais robustos, como o couro, o vinil e os pelos fake ou pela distinção do corte e do caimento impecáveis. Seja para deixar o visual mais sofisticado ou impactante, um bom sobretudo, certamente, é um item que pode valer o investimento pela sua capacidade de elevar qualquer produção. Confira:

 

MFW FALL 21 | Novos propósitos no street style da semana de moda de Milão

04.03.21 | Semanas de Moda Street Style


 

A semana de moda de Milão é certamente uma das mais tradicionais e importantes do circuito, até porque é, junto com Paris, onde alguns desfiles presenciais de algumas das marcas mais relevantes da indústria estão acontecendo, mesmo no momento atual. Aliás, é o momento que vivemos o ponto central para analisarmos os looks que andam circulando pelas ruas de Milão durante a fashion week. Se antes tínhamos a cidade como uma das mais efusivas e extravagantes no assunto street style em um período pré-pandêmico, hoje o cenário é diferente.

 


 

 

 

É claro que quando tratamos das produções encontradas nas portas dos desfiles é comum nos depararmos com visuais que geralmente fogem da realidade comum, mas se adequam à ocasião de aura mais glamorosa. A pandemia e o consequente isolamento social, no entanto, parecem ter mudado drasticamente o modo de manifestação do estilo pessoal. O exagerado e o conceitual de antes deram lugar a um visual muito mais real e condizente com o momento difícil que o mundo está passando. Se o consumo desenfreado não faz mais sentido frente a outras prioridades, exercer um novo olhar sobre o que já existe em nosso armário parece ser uma atitude muito mais apropriada com o presente, que também se pauta pela sustentabilidade. Vimos produções que realmente podemos usar, compostas em sua maioria de itens tradicionais do guarda-roupas, mas também percebemos um movimento de exercer novas construções da silhueta, com a exploração de sobreposições e de novas funções para as peças (uma camisa pode simplesmente se tornar um vestido, por exemplo). Itens que fazem alusão a brechós também apareceram bastante, bem como a combinação de peças que geralmente seriam destinadas a ocasiões mais formais misturadas com outras de cunho casual e urbano.

 

 


 

 

 

São novas prioridades para comportar um novo estilo. Não estamos dizendo que você precisa sacrificar aquilo que realmente gosta em prol de um visual mais confortável ou modesto. Mas agora é o momento de exercer a criatividade e é justamente isso que essas imagens do street style de Milão nos passam. O look real e atual não precisa ser simplório mas pode muito bem passar pelo crivo de novas interpretações se você estiver disposta a exercitar seu lado mais imaginativo.

 

Monocromáticos TERROSOS

25.02.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

Os tons terrosos já se tornaram um clássico e ao menos uma peça com essa característica pode ser encontrada nos mais diversos armários. Essa é uma família sofisticada de cores e devido a sua grande variedade de nuances seu uso é bastante versátil, já que todas elas combinam perfeitamente entre si, o que possibilita um maior aproveitamento do guarda-roupas. As apresentações da temporada fall 2021 reviveram os tons, como é de se esperar até pela própria natureza da temporada, mas de uma maneira um pouco mais moderna. Looks monocromáticos são considerados criativos e corajosos, já que dependendo do tom escolhido o visual pode ficar bem marcante. Mas uma produção monocromática feita somente com tons terrosos é capaz de manter essa diferenciação sem, no entanto, exagerar na dose de teatralidade. Muito pelo contrário. Justamente por se tratarem de cores que possuem uma essência naturalmente sofisticada, existe um equilíbrio entre a dramaticidade inerente ao look monocromático e a elegância desses tons. Outra característica que notamos nesse movimento monocromático terroso, é em relação aos materiais das peças que, em sua maioria, são mais densos. Couro, camurça, lâ, pelos, sarja e uma alfaiataria mais encorpada trazem ainda mais modernidade ao caráter tradicional dessas cores.

 

Decorativismo 70’s

18.02.21 | Moda Semanas de Moda Tendências


 

Como você viu na semana passada, nós aqui do escritório já estamos de olho nos movimentos da temporada fall 2021 (caso tenha perdido a primeira análise, clique aqui) e conforme as apresentações vão acontecendo, nós conseguimos captar diversas referências para geramos nossos conteúdos. Dessa vez, com a NYFW acontecendo (mesmo que em grande parte remotamente), percebemos um movimento que enaltece a estética da decoração dos anos 70. Pense nos papéis de parede, na tapeçaria, nos estofados, nas cores e nos materiais que eram utilizados na época para o decor das casas e veja nosso moodboard abaixo que você notará as semelhanças, que também remetem ao próprio design das roupas setentistas. São tons terrosos mais opacos, florais, xadrezes e paisley nas padronagens e texturas mais densas e marcantes, como o jacquard, o veludo, a lã, o jeans e o lamê, aplicados em calças com barras mais amplas, vestidos de comprimento midi, macacões e peças com golas mais fechadas. O visual aqui não faz só uma alusão ao período, mas se mostra quase literal e tem essa atmosfera vintage que se relaciona também com as peças encontradas em brechós.

 


fall 2021 RTW | Sobrevivência

11.02.21 | Moda moda pra pensar Semanas de Moda


 

As apresentações da temporada fall 2021 RTW começaram e já conseguimos perceber um movimento importante que permeou a essência da maioria das coleções até este momento. Sabemos que estamos em um período delicado em diversos setores da sociedade a nível mundial. Questões ambientais sérias, ascensão de um conservadorismo nocivo e limitante, a iminência de conflitos relevantes, instabilidade econômica, violência e, obviamente, uma pandemia. São diversos cenários pouco otimistas que contribuem, também, para que a moda se ajuste a este visual que sugere a sobrevivência nos mais diversos níveis. Ao que tudo indica, o clima otimista que inúmeros designers propuseram na temporada spring 2021 apresentada no final do ano passado foi colocado em modo de espera, ao menos nessas primeiras apresentações. O visual é pós-apocalíptico. Construções e sobreposições extremas indicam a ideia de se usar tudo o que for preciso e de uma vez. A mensagem inicial pode ser de uma vida nômade, onde é necessário carregar consigo o que for essencial para sobreviver, mas se analisarmos a fundo, a ideia é de segurança – usar o que nos remete a um lugar de conforto para manter a sensação de pertencimento onde quer que você esteja. Para captar esse mood, veja as coleções da Lameire, Y/Project e Wooyoungmi. A sobrevivência explorada aqui também faz alusão aos games, como é o caso da Balenciaga, que inclusive lançou um jogo junto com a coleção. A ideia de um mundo dominado pela tecnologia que pode a qualquer momento controlar os passos da humanidade já foi explorada à exaustão pelo cinema e pela literatura e o cenário catastrófico de Matrix, Exterminador do Futuro, Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451 e tantos outros também parece ter servido de referência para as coleções da Vetements, Eytys e Rhude. Já na Myar, o conceito é de ressignificação. Os casacos e os calçados que parecem ter sido feitos de última hora apenas com materiais que estavam ao alcance dão um clima pré-histórico ao visual, mas também levantam questões ambientais – reciclagem, upcycling, otimização para um consumo menor, segunda mão etc. Sobreviver também pode ser interpretado como se resguardar. O conforto das roupas típicas da permanência no lar entra neste movimento e pode ser visto nos shootings da Thakoon e da The Row, de clima seguro, familiar e intimista. De maneira concisa, essa atmosfera engloba roupas com características utilitárias, estampas camufladas, styling que cobre o corpo e sugere proteção, tecidos tecnológicos, mensagens fortes que desafiam ideais retrógrados, estética de gênero fluído e peças “para ficar em casa”. Obviamente a ideia de sobrevivência deste movimento é muito mais abstrata (assim esperamos). Esta concepção representa nossas batalhas e nossos modos de resistir de maneira subjetiva – seja enfrentando, seja se retraindo, não existe certo ou errado quando tratamos de sobrevivência.