MFW fall 24 trend report
14.03.24 | Semanas de Moda Tendências
Segundo a lista das maiores buscas relacionadas à moda no mês de abril disponibilizada pelo site trendhunter, artigos voltados para o hiking aparecem em ao menos 21 vezes das 100 colocações. Os produtos variam de tênis, palmilhas, relógios, mochilas, casacos e linhas especiais de roupas dedicadas ao outwear. Com a mudança de estações no hemisfério norte é claro que os consumidores querem experiências ao ar livre, mas o fato das buscas serem tão direcionadas ao hiking nos chamou a atenção.
Buscas repetidas sobre um mesmo assunto demonstram um interesse coletivo sobre um movimento que pode vir a inspirar diversos setores no futuro, como moda, decoração, beleza, acessórios etc. Quando isso acontece as interpretações de um produto ou serviço sobre um tema específico podem ser literais ou servirem como um guia de referência para desenvolvimento de um negócio ou de um conteúdo. O que a elevação do interesse pelo hiking nos diz é que talvez estamos caminhando para uma desconexão virtual e dando lugar a uma conexão real, no caso, com você mesmo, com o ambiente ao seu redor e com as pessoas que te acompanham. Afinal ao caminhar por longas distâncias a consciência sobre o seu corpo e sobre o que acontece a sua volta é tão necessária quanto o que você veste para uma ocasião como essa (que deve trazer conforto térmico, liberdade de movimentos, ser funcional, impermeável etc.). E se este é um movimento que vem crescendo, como isso pode impactar o mercado da moda, da beleza, da decoração e da tecnologia futuramente?
O fato da caminhada ao ar livre poder se tornar uma macrotendência indica que os consumidores podem estar buscando uma reconexão com o mundo real após tantos anos do virtual que impactou de maneira significativa nossos comportamentos como sociedade. Priorizar a saúde mental é outro indicativo de um começo de desligamento parcial das redes, que também nos trazem angústia, comparação, ansiedade e falta de foco. E como essa narrativa chega na moda? Se nessa temporada vimos coleções acenando para a tecnologia que cada vez mais toma conta do nosso tempo (vide as apresentações da Courréges e Coperni, por exemplo) e discussões acaloradas sobre o impacto das inteligências artificiais em nosso dia a dia, na próxima talvez um utilitarismo realmente funcional direcionado para um estilo de vida mais conectado com o ambiente que nos cerca com um consequente afastamento saudável dos meios virtuais seja um contexto possível. Vamos acompanhar os próximos capítulos.
Em alguns de nossos relatórios feitos no período de isolamento social, percebemos que as peças que sugerem a proteção do corpo ganharão cada vez mais espaço no mercado. Durante esta temporada, no entanto, notamos que essa necessidade de proteção ainda persiste, mas pode ser alcançada mesmo com a exibição deste corpo através, principalmente, da transparência. Vestidos longos, mangas compridas, golas altas, sobreposições e demais características que servem neste movimento de proteção corporal são misturadas com matérias-primas leves e cristalinas que permitem a revelação de uma boa parte da silhueta. Abrigada, porém à mostra, é a diretriz do movimento. Vamos pensar o quanto já andamos cobertos. Nossos rostos escondidos por máscaras, nossos corpos protegidos das baixas temperaturas e do contato físico em tempos de risco de contaminação, para as mulheres, a ideia do abrigo que as roupas mais modestas proporcionam contra um eventual cenário de assédio etc. Estas são apenas algumas situações que demandam uma silhueta mais protegida e é absolutamente normal que queiramos contorna-las, na medida do possível, seja em razão de temperaturas mais altas, de ocasiões que nos tentam a um estilo mais sensual, ou apenas para desafiar comportamentos machistas e ocupar espaços com nossos corpos à mostra. O movimento propõe driblar a proteção incondicional da silhueta através da transparência. Olhar o próximo e permitir ser olhado.
Nós falamos na semana passada a respeito do movimento das bolsas gigantescas, que sugere o alcance de tudo que for necessário para tocar a vida profissional e pessoal que andam cada vez mais juntas (caso tenha perdido, clique aqui). Em contrapartida, temos este movimento das bolsas que lembram as capas dos celulares. Seu tamanho diminuto e sua forma estruturada insinuam justamente o oposto: carregar somente o imprescindível. O próprio design da bolsa indica que o aparelho celular é um destes objetos imprescindíveis para o dia a dia. Tudo, afinal, pode ser revolvido através destes objetos e, mais uma vez, vida pessoal e profissional se aproximam ao limite de se fundirem. Perceba que, independente de você ser do time das bolsas giga ou daquelas que se assemelham à capa do celular, o resultado final será sempre o mesmo: ter ao alcance o que torna sua rotina mais coesa e organizada – seja através de uma troca de roupas com direito a mudança de maquiagem, ou apenas de um simples aparelho celular.
Que o conforto foi uma das características de vestuário que mais ganhou protagonismo nos últimos tempos não há dúvidas. Com o período de confinamento e a vida profissional acontecendo de casa, não faria sentido que ao menos uma parte da composição visual não prezasse pelo conforto. A rotina, no entanto, está se normalizando aos poucos e o conforto ainda será um atributo essencial para a edição visual de muita gente, mas de uma forma alinhada com o que se espera de uma produção de atmosfera profissional, por mais informal que seja o ambiente de trabalho. Unindo o aconchego dos tecidos leves e dos volumes amplificados com a sofisticação inerente à alfaiataria, este movimento se enquadra perfeitamente no equilíbrio entre o desejo de liberdade de movimentos e a polidez contemporânea dos conjuntos femininos. As nuances de modernidade ficam por conta dos detalhes: cores delicadas, que sugerem calma e positividade e que geralmente não são usadas na alfaiataria, truques de styling marcantes, materiais nobres de textura reluzente, assimetria etc.
O amarelo é uma cor que muita gente ainda evita em peças de composição principal do look, ainda preferindo apostar em acessórios, bolsas e sapatos no tom. Mas a cor vem sendo vista em diversas variações já há algumas temporadas. Durante as estações mais amenas, o mostarda costuma aparecer mais e na temporada de calor, os tons mais claros do amarelo é que ganham protagonismo, a exemplo da variação que chamamos de butter e se trata de um movimento para o verão 2020/21. Mas para a próxima temporada primavera/verão (aqui no hemisfério sul, em 2022) tons mais vibrantes do amarelo aparecerão não apenas nos detalhes do look, mas nele todo. Seja em peças únicas, como vestidos e macacões, ou conjuntos inteiros e compostos por mais de três peças, o amarelo mais brilhante chega para sugerir otimismo, esperança e energia para seguir em frente – mensagens mais do que bem-vindas para o nosso período.
Um dos principais papeis da moda é refletir o espírito de seu tempo. Portanto, é muito difícil que uma marca que leve essas funções sociais da moda a sério não adeque sua coleção à atmosfera dos acontecimentos. No hemisfério norte temos alguns eventos políticos (a exemplo das eleições dos Estados Unidos) que definirão muitas coisas importantes dependendo do resultado. Convidar o consumidor a refletir sobre o futuro politico de seu País e do mundo, por consequência, é apenas uma das formas de engajamento que encontramos nos desfiles e apresentações recentes, que se valeram de frases ou palavras de efeito para cumprir o papel. Além da conscientização política, palavras de otimismo também são importantes para o momento de inseguranças que vivemos, afinal, moda também é escapismo e inspiração pelo belo.
Cada vez mais a nossa vida precisa estar conectada. Com a tecnologia fica quase impossível dissociar a vida pessoal da profissional e com as flexibilizações em relação aos locais de trabalho, horários, dress code etc., essa relação fica cada vez mais estreita. Talvez esse seja um dos motivos para que as bolsas da temporada spring 2021 aparecessem em suas formas mais superlativas. Mudanças climáticas, compromissos surpresa e a possibilidade de emendar o trabalho com o lazer são algumas das situações que pedem maior atenção com o que levamos na bolsa, requerendo, portanto, um modelo que se adapte a essa rotina mais agitada, especialmente quando tivermos total liberdade de sair de casa.
Quem nos acompanha há algum tempo já sabe que um dos trabalhos do escritório é elaborar relatórios antecipando os movimentos da moda para as próximas estações. É um serviço complexo, que requer bom olhar, sensibilidade, conhecimento de moda e informação sobre assuntos gerais, até para que possamos detectar o movimento e entender porque ele está acontecendo. Durante essa semana e a próxima nós vamos dar uma amostra de como funciona esse trabalho aqui no escritório e vamos fornecer um pequeno dossiê das microtendências que observamos durante esta última semana de moda. Vamos começar com o movimento BRANCO UTILITÁRIO. Quando pensamos em um visual composto apenas de peças brancas geralmente lembramos da alfaiataria de qualidade dos ternos femininos, do caimento impecável que sempre é requerido nos manuais mais antigos de como usar branco dos pés à cabeça e dos looks infalíveis e sofisticados de verão com peças amplas e fluídas. Quando tratamos de itens ligados ao movimento do utilitarismo – que anda tão em alta já há algum tempo mas principalmente agora neste momento pandêmico – é normal que nos venha a cabeça os tons ligados a estas roupas e acessórios que têm esse mood, como os cáquis, verde-oliva, terrosos, mostarda, acinzentados etc. Mas o que vimos nesta última temporada de desfiles é que o utilitário, geralmente de atmosfera mais densa por conta dos detalhes, ganha suavidade e uma dose minimalista com o branco. As roupas versáteis e que podem sofrer modificações através de bolsos, zíperes, botões, fitas, fivelas e que possuem essa aura aventureira e por vezes militarizada avançam alguns degraus na sofisticação com a adição do branco. Já falamos por diversas vezes aqui que as peças que promovem uma junção de performance e conforto ganharão cada vez mais atenção das marcas e dos consumidores por conta do nosso momento atual, portanto, esse movimento se mostra pertinente pelo design e essência, mas também bem-vindo pela beleza e pelo refinamento que o branco proporciona.
Nós já comentamos por aqui que um dos principais trabalhos do Birô Paula Martins é antecipar tendências e gerar conteúdo para diversas plataformas, como palestras, relatórios, Instastory e, claro, o blog. Estamos no inverno, mas o nosso trend report do verão 2019 já está completo, com muito conteúdo sobre moda, estilo, acessórios, beleza e, como você verá nesse série especial, calçados. Para começar, uma das nossas apostas para o verão são as sandálias minimalistas. Esses calçados apareceram na forma de chinelos de dedo, papetes, gladiadoras e rasteiras que prendem no calcanhar, mas seja qual for o modelo, as características principais da peça são deixar o pé bem à mostra, ser confeccionada em materiais nobres, como couro e seda e, como o próprio nove sugere, o minimalismo, ou seja, as sandálias são pontuadas por cores neutras ou clássicas, como os terrosos e o preto e possuem pouquíssimos detalhes. Elas ainda podem ser bem ajustadas ao pé ou com uma forma um pouco mais larga, como vimos na maioria dos desfiles que lançaram este item na passarela. Confira mais detalhes através das imagens das apresentações e ao final encontre nossa seleção de sandálias minimalistas para você já antecipar a tendência.
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