BURBERRY resort 24

29.06.23 | Moda moda pra pensar Semanas de Moda


 

Em sua segunda coleção para a tradicional marca britânica, Daniel Lee demonstra maturidade e até uma certa obsessão ao lidar com os símbolos da Burberry. Afinal, uma marca que está atuante há mais de um século tem uma rica trajetória que deve ser explorada com sensibilidade e inteligência, de modo que não se perca no oceano de referências e demandas atuais. Daniel Lee mostra sua capacidade de unir os laços de passado e presente de maneira harmoniosa e orgânica desde sua atuação junto à Bottega Veneta e na Burberry seu processo de aceitação e adaptação continua se manifestando de forma tanto respeitosa quanto criativa. Nesta coleção o foco principal está na exploração do clássico xadrez Príncipe de Gales da marca. Aplicado dos pés à cabeça em variações de cores pouco vibrantes, a padronagem aparece em dimensões distintas e com uma proposta inovadora ao ser aplicada de forma tradicional na parte de cima da silhueta e sofrer uma espécie de ruído digital conforme nosso olhar desce pelas imagens. Essa distorção traz dinamismo e modernidade a uma estampa demasiadamente tradicional e reforça as intenções do estilista em trazer a marca para o presente sem afetar sua herança.

 

 

Outro símbolo muito presente na história da Burberry é o cavaleiro equestre que aqui foi usado tanto em sua forma literal estampada em maxi-bolsas quanto através de detalhes reproduzidos em estampas e acessórios – como as cabeças de cavalo em ferro chapado adornando as bolsas ou o capacete que se transformou em estamparia de looks completos. A coleção ganha maior dose de delicadeza ao apresentar os florais, movimento que também foi bastante explorado por Lee em sua temporada de estreia. Aqui eles são usados em peças mais fluídas, de materiais finos e que instigam a vida ao ar livre, que é um dos principais pilares da Burberry.

 


 

Muito mais do que o utilitarimo como estética vazia, a coleção é sobre espaços abertos. Chuva, campo, caminhadas, ventanias, fauna e flora. É sobre se integrar com o ambiente sem modifica-lo por completo – uma interessante analogia sobre o próprio trabalho de Lee nas narrativas da Burberry.

 

HAPPENING NOW | conjunto de tricô

22.06.23 | Get Inspired By Tendências

 

Os conjuntos de tricô podem até remeter aos dias de isolamento do cenário pandêmico em razão de uma das suas principais características: o conforto. Mas os conjuntos que estão em alta no momento conseguem unir essa atmosfera aconchegante com informação de moda, não deixando o visual com qualquer resquício do período de confinamento. Se no verão passado os shorts de crochê colorido ganharam um destaque importante, neste inverno o look artesanal sugere sofisticação, que é conseguida através de um design mais polido, composto por linhas retas, modelagens ajustadas e tons clássicos. Ainda que o conforto seja um ponto forte de conjuntos assim, dá pra acrescentar doses de sensualidade através de fendas, recortes e conjuntos compostos por minissaia ou tops cropped.

 

resort 24 – o visual que sugere PRODUTIVIDADE mostra uma nova abordagem das coleções intermediárias

15.06.23 | Moda moda pra pensar Semanas de Moda


 

As coleções cruise e resort têm um padrão visual muito estabelecido de serem mais escapistas, já que historicamente são roupas que começaram a ser feitas para clientes que fugiam do frio no hemisfério norte para destinos turísticos mais quentes, além de terem um viés comercial forte para permanecerem mais tempo nas lojas. Semana passada analisamos o movimento brutalista que parece ter sido usado como base para diversas marcas, o que se desdobra também nesta dinâmica que vamos analisar agora. Essas coleções feitas originalmente para destinos de férias estão mostrando uma configuração alternativa nesta temporada, sugerindo um visual altamente urbano e minimalista que indica um non-stop da produtividade. É preciso correr atrás do prejuízo pós-pandêmico e se ajustar para incertezas financeiras em um cenário econômico pouco favorável para grandes gastos. Em suma, ninguém viaja! As roupas dessa temporada resort são feitas para um contexto urbano dinâmico, produtivo e funcional, com o office look pontuado pela alfaiataria rigorosa e tradicional, sapatos de bico fino, tons mais profundos etc.

 

18 looks de desfiles para tentar no próximo verão

22.05.23 | Get Inspired By


 

A inspiração em um look não necessariamente deve ser literal. Na maioria das vezes usamos como referência os detalhes de uma composição, como a mistura das cores, as proporções distintas, um styling arrojado, combinação de materiais e comprimentos etc. Com essa ideia em mente é possível ter como inspiração looks que são desfilados nas semanas de moda, já que muitas marcas têm em seu DNA a produção de roupas reais feitas para o dia a dia. Levando em consideração nosso clima e os principais movimentos de moda que mapeamos para as próximas estações, estes são os looks que queremos colocar em prática nos próximos dias de temperaturas mais elevadas e que também podem te inspirar a tentar novas configurações visuais para atualizar o look de verão.

 

happening now | DOUBLE DENIM

19.05.23 | Get Inspired By Street Style Tendências

 

Semana passada nós falamos sobre a ascensão da saia jeans longa e o tema jeans parece ser recorrente quando o assunto é tendência do momento. Não só a saia continua aparecendo bastante pelo feed das redes sociais, como o jeans da cabeça aos pés também. O look composto pelo double denim é um hype do momento e prova que todas as regras antiquadas sobre estilo estão mais do que ultrapassadas. Se há algum tempo uma produção com calça e jaqueta jeans era considerada equivocada, pelo menos pelos próximos meses essa direção não existe mais. Atualmente o look double denim é montado a partir de peças com modelagens mais soltas, deixando o visual com um ar moderno e adequado em relação às diretrizes de tendências das próximas temporadas. Texturas distintas e aplicações inusitadas também compõem essa estética e servem para causar uma diferenciação de um look composto só por um material. A finalização vem com os sapatos de bico fino (seja bota, scarpin ou sapatilha) que são outra microtrend forte do momento e bolsas menores e estruturadas.

 

gucci RESORT 24

17.05.23 | Moda


 

Enquanto aguardamos a estreia do estilista Sabato de Sarno na Gucci, em setembro, a marca mostra coleções que indicam o novo rumo estético que entrará no lugar do universo de referências explorado por Alessandro Michele. Não sabemos se Sabato vai tomar o mesmo rumo que se viu na apresentação da coleção resort da Gucci que ocorreu ontem em Seoul, mas o que podemos afirmar é que nada vai ser como antes. Neste desfile especificadamente, vimos alguns resquícios da era Michele, especialmente na acessorização marcante, nos vestidos languidos de cores vivas e na sensualidade sem rastro de modéstia manifestada principalmente por peças transparentes e recortadas. Mas em uma visão geral, as semelhanças acabam por aí. O que se viu foi uma Gucci com menos referências históricas e com o pé mais no presente. Os códigos clássicos da casa – como as cores e o logo tradicional – foram propostos com menos emoção, sendo usados em conjuntos inteiros e em detalhes aplicadas em camisas, vestidos e trench coats.

 

 

A principal diretriz aqui talvez tenha sido na ideia de performance. O utilitarismo foi o movimento que mais se fez presente na coleção, que trouxe peças manifestamente esportivas misturadas com outras de perfume couture, criando uma imagem mais elaborada mas não tão inovadora. Temos de levar em conta que, além deste período sem uma direção criativa que dite os novos rumos visuais da marca, trata-se de uma coleção que é para ser mais comercial (o que, verdade seja dita, nunca foi um impeditivo para que Alessandro Michele deixasse de explorar todo seu potencial criativo).

 

 

Mas sem saudosismos ou comparações, aqui vemos que a Gucci está introduzindo uma nova era em sua trajetória que parece estar mais ligada com as demandas de consumo atuais. Vimos modelagens relaxadas, texturas metalizadas que trazem um contexto futurista, desconstruções e intervenções discretas de itens clássicos, peças funcionais e um flerte mais escancarado com o street wear. Se antes as inspirações no passado davam à Gucci um ar retrô-cool-maximalista, hoje a marca demonstra que está de olho no futuro – não tão superlativo, tampouco caótico, mas focado no urbano.

 

CONTEXTOS VISUAIS | primavera/verão 2023/24

15.05.23 | Moda Tendências


 

Se a gente puder resumir a estética geral do próximo verão em um adjetivo, diríamos que ele será chic. Além dos movimentos pontuais, é preciso analisar as principais narrativas estéticas das temporadas para que daí também sejam extraídas as micro tendências. Nos desfiles que ocorreram no final do ano passado e que correspondem aos movimentos que serão aplicados aqui a partir de setembro deste ano, o WGSN notou três contextos principais que servirão de base para o desenvolvimento de produtos a partir dessas narrativas principais. Eles têm em comum a simplicidade elaborada, a estética que se volta para o atemporal, o exercício de um estilo mais orgânico e menos escapista ou óbvio, algo que se firmou muito nesta última temporada de desfiles e que está sendo amplamente difundido como “quiet luxury”. Na verdade, o termo que hoje inspira a criação de milhares de conteúdos começou a se mostrar na temporada spring/23, no final do ano passado.

 

– utilitarismo minimalista;
– funcionalidade real com design que gera familiaridade;
– roupagem esportiva modesta e mais adulta;
– materiais tecnológicos, design limpo e contemporâneo e cores seguras.

 

 

– reforça a “estética do longo prazo”;
– com o retorno do trabalho presencial, o movimento propõe um interesse renovado nas roupas formais que têm o conforto, a estabilidade visual, a sofisticação sem extravagâncias e a informação de moda na medida como bases principais;
– fluidez e despretensão a favor de um visual seguro e adequado para as temperaturas mais altas.

 

 

– depois de uma temporada de libertação sexual extrema através do visual, o movimento explora uma sensualidade manifestada pela naturalidade;
– tecidos leves, caimento fluído e transparência pontual;
– peças artesanais têm seus pontos mais espaçados como forma de manter a narrativa orgânica mas ainda assim permitir que o corpo esteja à mostra;
– tons terrosos quentes e cores claras opacas.