Análise de estilo | Cate Blanchett

20.05.21 | Get Inspired By Lifestyle Styling


 

Quando se trata de estilo, a atriz Cate Blanchett geralmente costuma ser lembrada pelas suas produções mostradas nos red carpets dos maiores eventos do cinema. Mas na vida fora dos holofotes, Blanchett também faz bonito com a sua imagem. Com uma mistura contemporânea dos universos masculino e feminino, Cate já coloca em xeque as questões retrógradas sobre o visual dividido por gênero há bastante tempo. Adepta dos ternos bem cortados, dos macacões utilitários e do conforto nos pés, a atriz sempre mostrou que elegância nada tem a ver com ostentação, muito pelo contrário. E é justamente esse tipo de elegância sem esforço que a atriz propaga que faz com que seu estilo pessoal seja uma inspiração cirúrgica não só para a vida, mas especialmente para o presente. Com os recentes acontecimentos e com a vida aos poucos voltando ao normal, a estética para sair de casa, segundo os movimentos que analisamos, se volta para a manutenção do conforto e da sensação de abrigo que certas roupas nos proporcionam, com a sofisticação, mesmo que simples, que alguns compromissos fora do âmbito do lar exigem. E a atriz consegue materializar esse mood.

 

 

 

Basta olharmos para as produções usadas durante esse período pandêmico para conseguirmos entender o que esse movimento quer dizer. O conforto que falamos aqui se transfigura na imagem da atriz através dos sapatos, dos saltos mais grossos, da facilidade da peça única ou da base mais simples que possibilita a ousadia nas peças de complementação e nos acessórios, na liberdade de repetição dos itens que para alguns ainda parece um crime, nas modelagens menos ajustadas, nos cabelos com efeito natural etc. Conforto aqui vai muito além do moletom, perceba. A elegância sem esforço fica a cargo do conjunto da obra, do resultado final. Você olha para a imagem e absorve a elegância. Claro que alguns detalhes contam para que esse efeito seja percebido, como os blazers que fecham os looks mais básicos, a alfaiataria ampla, as cores clássicas, a cintura levemente marcada, o brilho discreto em algum ponto específico da produção. Cate consegue entregar uma imagem sofisticada sem parecer distante e isso é fundamental nas relações entre pessoas, sobretudo nos dias atuais onde nunca fomos tão distantes uns dos outros.

 

SPRING/SUMMER 2022 | Contato de 3º grau

13.05.21 | Moda moda pra pensar


 

Quando uma situação grave surge e causa impactos a nível mundial – como conflitos, mudanças climáticas extremas, insegurança econômica ou uma pandemia – a moda capta o momento e se adapta de modo que seja relevante e sensível ao presente, mas ainda assim consiga projetar o futuro. Futuro, aliás, é um tema recorrente na moda e já foi interpretado das mais diversas maneiras, mas sempre com uma narrativa que se conecta com o presente. Temos como o exemplo o futuro retratado nos anos 60, que refletia a tecnologia e a corrida espacial através de formas vanguarditas e texturas metalizadas dentre outras características. Já no início do Séc. XXI a profusão de roupas em prata, os strass aplicados à exaustão, os óculos de lentes grandes e coloridas e a atmosfera esportiva e futurista de inúmeros vídeos e eventos da MTV representavam a euforia tecnológica que vinha com a virada do milênio (e também o receio da pane generalizada que os computadores supostamente sofreriam com a chegada do ano 00, o tal do bug do milênio). Em 2021, com um cenário pandêmico grave, a ideia de futurismo vem através do que imaginamos ser uma estética alienígena e isso pode estar relacionado com o fato de muitas vezes buscarmos respostas para situações mais difíceis em assuntos que acreditamos estarem além da nossa compreensão mundana e material, como a astrologia, a religião, a magia e na concepção de vidas fora do nosso planeta. Tudo o que sabemos sobre o tema, outrossim, está ligado a evolução. Tecnologia avançada, estruturas sociais elaboradas, melhorias inimagináveis em diversos campos e desenvolvimento pessoal florescido são apenas algumas das características do que idealizamos a respeito de uma manifestação de vida extraterrestre.

 

 

A representação imagética de um indivíduo infinitamente mais evoluído do que nós, meros terráqueos, pode ser vista na temporada de apresentações das coleções spring 2021 realizadas no final do ano passado. O movimento, portanto, sugere esperança em relação ao futuro, seja através de uma vida melhorada pela tecnologia em diversos aspetos ou mesmo por comportamentos e atitudes evoluídos em razão de tudo que passamos. Outra ideia que o tema alienígena levanta é um pouco menos otimista, mas que também pode se encaixar no nosso atual período: o da extinção em massa. Claro que isso não deve ser interpretado de maneira literal, mas como uma metáfora para nosso renascimento, seja como sociedade ou a nível pessoal. Temáticas apocalípticas e de sobrevivência vêm sendo exploradas pela moda nos últimos tempos já que as circunstâncias econômicas, climáticas, sanitárias e diplomáticas se mostraram um campo fértil para o afloramento de representações estéticas que se harmonizam com um clima global mais inseguro. Aqui, no entanto, o contexto do movimento se dirige muito mais para uma nova maneira de pensarmos e agirmos quando tudo o que estamos passando ficar na história – é a representação da nova humanidade, renascida e renovada através de uma grave crise.

 

 

SPRING/SUMMER 2022 | Bordado Inglês

07.05.21 | Moda Tendências


 

Apesar do nome, o bordado inglês não vem da Inglaterra. Existem relatos que a técnica surgiu na Ilha da Madeira, em Portugal, ou na República Tcheca no Séc. XVI, mas a verdade é que o bordado caracterizado pelas padronagens feitas a partir cortes arredondados e depois costurados em tecidos, se popularizou na Inglaterra no Séc. XIX durante a era vitoriana, especialmente em roupas íntimas e infantis. Com o passar do tempo, o bordado inglês foi ganhando mais abrangência, principalmente por conta da modernização de sua produção que passou a ser feita por máquinas a partir de 1870. Já nos anos 50, a técnica novamente teve seu auge sobretudo depois que a atriz Brigitte Bardot usou um vestido com esses detalhes em seu segundo casamento, em 1959. Desde então, o bordado inglês deixou de ser utilizado apenas em detalhes, roupas íntimas ou enxovais e passou a fazer parte de peças completas o que foi muito bem vindo para o gosto das latino-americanas por conta do nosso clima mais quente. Geralmente associado a um estilo mais feminino e delicado, nessa temporada de apresentações das coleções primavera/verão 2021/22 o bordado foi aplicado em peças de cunho urbano, como camisas, calças e macacões e também ganhou espaçamentos maiores, tornando os orifícios mais visíveis e dramáticos. O movimento de se voltar para técnicas tradicionais de manufatura é algo que acontece na moda há algum tempo, mas que parece ter ganhado força com o advento da pandemia principalmente porque temos o desejo, por vezes inconsciente, de olharmos para algo que nos seja familiar em tempos de incertezas. O processo artesanal causa essa sensação de bem-estar e familiaridade sobretudo por nos remeter à ideia de pequenos trabalhadores, produção familiar, campo, natureza, simplicidade, acolhimento, calma etc. e nós já falamos por aqui sobre como o movimento de reconexão do homem com a natureza vem ganhando força em razão dos tempos atuais (para ver clique aqui). Veja como o bordado inglês será aplicado no próximo verão de acordo com as coleções apresentadas no final do ano passado e se inspire para achar suas peças em locais alternativos, pequenos produtores etc. o que tona a história das suas vestes muito mais rica.

 

 

OSCAR 2021 | nossos looks preferidos do red carpet

28.04.21 | Lifestyle Moda


 

Neste domingo aconteceu a cerimônia de entrega do Oscar e como já é de costume, nós aqui do escritório analisamos todos os looks e cada detalhe para podermos eleger nossos preferidos e contar para vocês. Ao contrário dos outros anos, o evento teve uma atmosfera mais intimista e com bem menos convidados, o que não impediu, no entanto, que o glamour do tapete vermelho fosse prejudicado. Veja quais foram nossas produções favoritas desta edição.

 

 

Impressiona o quanto a atriz de 62 anos é radiante e esse Alberta Ferretti teatral só evidenciou isso. A atriz já atingiu o posto de lenda do cinema então a peça faz jus ao seu legado. Cor intensa, mangas dramáticas, fenda marcante e o mix de texturas são características de um vestido que pede por alguém ainda mais exuberante, caso contrário só a peça apareceria. Nesse caso, vestido e indivíduo se completam e se complementam com afinação.

 

 

Nós amamos a jovialidade trazida pelo top da escolha de Carey Mulligan. A atriz tem um perfil delicado e o detalhe faz com que a mistura de proporções entre a saia e a parte de cima equilibre essa característica, caso contrário o vestido poderia engolir a atriz. Elegante e ao mesmo tempo moderno.

 

 

Essa é daquelas peças que você precisa olhar e analisar várias vezes, já que em cada momento um novo detalhe é percebido. O vestido é interessante e encaixa bem no estilo diferenciado da cantora. Possui texturas distintas, um design de referência quase religiosa, que é quebrado pelos punhos de mood fetichista e os detalhes no colo – transparência na gola, broche dramático e franjas metálicas. Mas o que chama mais atenção é a clutch que reproduz um coração humano e que saiu diretamente da última coleção apresentada pela Gucci há pouco mais de 10 dias.

 

 

Chloé Zhao fez história nesta premiação como a segunda mulher a ganhar a estatueta de melhor direção e a primeira de origem asiática. Com apenas três filmes em seu currículo como diretora, roteirista e produtora, Zhao saiu como uma das grandes ganhadoras da noite com Nomadland e mesmo com tanto furor sobre seu trabalho, a simplicidade da cineasta parece desafiar todos os códigos antigos e, porque não dizer, machistas, do que se espera da figura de uma mulher na indústria cinematográfica. Isso não pode ser interpretado como desrespeito e tampouco como uma crítica a quem prefere outro tipo de glamour. Na verdade, Zhao abre possibilidades para que uma imagem mais plural e diversificada surja para outras tantas figuras femininas deste universo, sem que isto seja motivo para piadas, críticas ou cancelamentos.

 

 

A cantora italiana concorria ao prêmio de melhor canção pela sua interpretação da música “lo sí”. Pausini perdeu a estatueta mas certamente ganhou como uma das mais bem vestidas da noite com este vestido Valentino de design atemporal e elegância clássica.

 

 

Nós já falamos diversas vezes que amamos um terno em eventos muito formais, como é o caso do Oscar. Ainda mais se for uma composição tão diferenciada quanto esta vestida pela cantora Tiara Thomas. Tem transparência, tem decotão, tem pluma e ombros acentuados, mas também tem caimento bonito, qualidade inquestionável e beleza a perder de vista. Tudo em perfeita harmonia.

 

 

Viola Davis está sempre presente nas nossas listas porque nunca erra. A atriz, além de ficar deslumbrante de branco, ainda escolheu um vestido muito especial Alexander McQueen feito exclusivamente para ela. Os recortes e a estrutura da parte superior da peça contrastam e se equilibram com a fluidez da saia mas ao mesmo tempo se encontram nas linhas orgânicas. Interessante e incomum, a peça é daquelas que pode ser analisada com uma lupa e mesmo assim nenhum defeito será encontrado. Essa é a excelência produzida por Mcqueen e brilhantemente levada adiante por Sarah Burton, sua sucessora.

 

 

O Valentino solar da atriz roubou a atenção no Oscar, especialmente porque foi combinado com um colar Bulgari de 183 quilates avaliado em mais de 6 milhões de dólares. Joias muito marcantes costumam pesar no visual, o que não aconteceu com a atriz justamente pela jovialidade do vestido. O tom brilhante, os recortes, a fluidez e o cabelo naturalmente solto fizeram com que o resultado final ficasse leve e divertido. Mais um look a favor de uma das maiores promessas da TV e do cinema, que também tem se mostrado um verdadeiro ícone de estilo.

 

 

Esta, sem dúvidas, foi a nossa preferida da noite. Regina King surgiu esplêndida neste Louis Vuitton arquitetônico e feito sob medida. Regina estreou este ano como diretora no longa One Night in Miami e como resultado de sua bem-sucedida empreitada, ganhou três indicações nesta premiação. Ao longo do ano, a atriz e diretora tem mostrado uma imagem bem trabalhada e coesa, com peças diferenciadas e marcadas por estruturas contemporâneas. Mas, como sabemos, Oscar é Oscar e para o final da temporada de premiações a atriz solicitou um vestido a altura. Entra em cena o brilhante trabalho de Nicolas Ghesquière, diretor criativo da Louis Vuitton, que tem construído um legado em seus quase oito anos a frente da marca. Com mais de 62.000 cristais, metros e metros de cetim e mais de 140 horas de produção, a peça teve o intuito de causar impacto na audiência e de trazer um pouco de fantasia para os momentos tão sombrios que estamos vivendo. Objetivo alcançado com sucesso!

 

 

Os homens também não decepcionaram e se distanciaram, em sua maioria, do “visual George Clooney” que toma conta das produções masculinas em tempos de premiação. Desta vez os homens também adicionaram boas doses de estilo ao tapete vermelho e dois convidados merecem uma menção honrosa pelos seus trajes. Lakeith Stanfield de Saint Laurent evocou uma atmosfera retrô setentista que tem tudo a ver com o filme Judas e o Messias Negro, no qual é um dos protagonistas, cuja história se passa no final dos anos 60. Já Colman Domingo quebrou todos os códigos antiquados do dress code masculino ao surgir com esse terno Versace de um tom de pink potente e aplicações metalizadas no blazer para finalizar.

 

A morte da calça skinny (?)

20.04.21 | Moda moda pra pensar Tendências


 

Já adiantamos a resposta: não é bem assim. A verdade é que depois de anos de reinado dos jeans mais justos em nossos armários, a preferência pela calça skinny caiu consideravelmente nos últimos tempos e podemos “culpar” a Geração Z por isso. Já é sabido que uma das características desse grupo é o exercício do novo olhar sobre o que já existe e dar preferência para uma moda que tenha propósito, narrativa, história e experiência, além, claro, das novas formas de consumo que visam hábitos menos impactantes no meio ambiente. As calças jeans que estão em evidência no momento, portanto, atendem às demandas dessa geração principalmente pelo visual – modelagens amplas, cinturas baixas a intermediárias e lavagens claras lembram dos jeans que eram usados nos anos 80 e 90 especialmente dentro do âmbito cultural e musical de diversos grupos urbanos – e pela possibilidade de se encontrar peças assim em meios de consumo alternativos, como brechós, feiras etc., o que corrobora com a pauta sustentável levantada pelos Z’s. Em que pese todos os motivos pelos quais as wide leg jeans estão em evidência, acreditamos que artigos que ditam a morte de uma calça skinny (ou de qualquer outro item) são um tanto quanto radicais. Existem peças que já se tornaram clássicos do armário e independem de tendências e nós colocamos as skinny nessa categoria, assim como blazers, camisetas, camisa branca etc. E mesmo que não fosse esse o caso da skinny, no final das contas as pessoas usam o que quiserem e quando quiserem. As calças justas têm seu valor visual, são versáteis, vestem uma infinidade de silhuetas, otimizam o armário e compõem edições interessantes de looks, tal como ocorre com as wide legs do momento. Claro que se informação de moda for algo importante na composição do seu visual, você vai dar um tempo para as suas skinny, mas “morte” já é algo mais ditatorial e nós repudiamos qualquer forma de limitação das suas expressões de estilo. Use skinny, use baggy, use o que quiser!

 


Análise de Estilo: SARAH JESSICA PARKER

15.04.21 | Get Inspired By Lifestyle Styling


 

Sarah Jessica Parker é conhecida por papéis marcantes na TV e no cinema, mas foi sua personagem Carrie Bradshaw em Sex and the City que alçou a atriz a ícone fashion. Mas muito além da imagem de Carrie, Sarah tem um senso estético muito apurado e seu estilo contemporâneo, criativo e por vezes dramático é tão inspirador quanto sua personagem. Em tempos pandêmicos, no entanto, pode ser um pouco mais difícil, pelo menos para a maioria das pessoas, pensar em uma composição estética mais complexa diante de tantas outras prioridades. Há algum tempo nos analisamos o estilo da Atriz Katie Holmes (para ver o post clique aqui) e em como sua figura casual com pitadas de sensualidade e atmosfera urbana combina com os tempos atuais. Isso não significa, entretanto, que uma imagem mais trabalhada e até exuberante não possa se encaixar no presente. Basta ver os desfiles das semanas de moda que aconteceram durante esse período de pandemia com o consequente isolamento social para perceber que looks extravagantes foram tão explorados quanto os mais confortáveis, justamente por trazerem essa ideia de otimismo em relação ao futuro.

 

 

 

No caso de Sarah, fica claro que seu estilo sofreu algumas intervenções que se encaixam no atual período, mas mesmo assim não perderam sua essência mais luxuosa e experimental. O que diferencia as produções da atriz são justamente as misturas inusitadas e os truques de estilo que fazem o resultado final pertinente para o momento. Calças de moletom entram nos looks da atriz, mas do jeito dela: encurtadas, com barras elásticas marcantes, misturadas com peças de complementação mais chamativas e acessórios festivos (máscaras texturizadas, pontos de cor intensos, materiais refletivos etc.). Até as produções que num primeiro momento parecem ser mais básicas ganham riqueza nos detalhes, em especial os calçados. A atriz mostra que o estilo não precisa ser sacrificado por conta de tempos mais inseguros, mas pode ser adaptado.

 

 

 

AM/PM visita Paula Merlo – perseverança, paixões e pluralidade de papéis

07.04.21 | Vídeos


 

Tem vídeo novo no canal AM/PM. Batemos um papo super descontraído com a Paula Merlo, diretora de conteúdo da Vogue Brasil. Na entrevista ela nos conta como chegou a esse cargo em uma das publicações mais relevantes do mercado e sua rotina como uma mulher que performa em múltiplos papéis. O vídeo completo você pode assistir abaixo. Inscreva-se no canal AM/PM e ative as notificações para poder receber as novidades. Quem já nos segue há um tempo sabe que nós não temos uma periodicidade definida, portanto, a inscrição e a ativação das notificações são importantes para que você não perca nosso conteúdo.

 

primavera/verão 2022 | OVER THE TOP

25.03.21 | Moda Tendências


 

Quando tratamos dos movimentos de moda sempre olhamos para o futuro de acordo com o que acontece no presente. Nesse sentido, muito tem se falado a respeito dos looks confortáveis, que lembram da segurança (e muitas vezes da melancolia) do lar e da obrigação de se permanecer dentro de casa. Por conta disso as releituras dos conjuntos de moletom e das ditas “roupas de ficar em casa” foram bastante vistas durante as apresentações da temporada spring 2021 (que correspondente a nossa primavera/verão 2021/22) e sem sombra de dúvida se tornaram um dos movimentos mais importantes deste período pandêmico. Mas na contramão do aconchego extremo, está este movimento. É certo que muita gente vai querer se livrar da imagem dos dias de confinamento e botar para jogo suas peças mais extravagantes quando nossa liberdade voltar a ser algo possível. De olho nesse consumidor, muitas marcas se voltaram para um visual dramático, exagerado e que remete muito a essa ideia de escapismo que também é um dos papeis da moda. São texturas reluzentes, sobreposições extremas, volumes teatrais, matéria-prima nobre e, em alguns casos, todas essas características juntas. Muito desse movimento vem de referências dos looks da era disco da década de 70 e na extravagância quase lúdica dos anos 80. A ideia aqui é de otimismo, de esperança em um futuro menos nebuloso e mais colorido.

 

Temporada FALL 21 | era do gelo

23.03.21 | Semanas de Moda Tendências


 

Nós já falamos sobre alguns movimentos de moda que percebemos durante as apresentações da temporada fall 21 e muito do que vimos até agora tem relação com atitudes mais sustentáveis, através do exercício de renovar e otimizar peças já existentes, do resgate de uma atmosfera retrô, que também acena para o ato de voltar a usar algo esquecido, ou mesmo consumir de maneiras alternativas, se voltando para as trocas ou brechós, por exemplo. Também já falamos sobre o movimento da sobrevivência (para relembrar, clique aqui) que aponta para as diversas nuances a respeito do tema, seja através do conforto que remete à segurança do lar, passando pelas referências apocalípticas do cinema, dos games e da literatura, chegando ao visual composto por diversas camadas que sugere a resistência através de uma vida nômade. A exploração das nossas formas tão plurais e subjetivas de sobreviver também engloba encontrar maneiras mais sustentáveis de consumir e ambos os movimentos podem ser inseridos no conceito deste que chamamos de “A Era do Gelo”. Se observarmos o que foi apresentado nessas recentes coleções, veremos uma interpretação dramática do que a moda espera para o futuro, em especial para o inverno que, com base nos looks criados, será implacável. O exagero das camadas, o volume e o peso dos casacos, a utilização de matéria prima que remete à ancestralidade humana (pelos fake em especial) e a proteção do corpo elevada a níveis extremos propõe não só um visual glamouroso e ao mesmo tempo preparado para as temperaturas glaciais, mas também nos convida a refletir sobre a necessidade de se vestir dessa maneira. Será que com nossos hábitos atuais estaríamos caminhando para uma nova era do gelo? As passarelas aqui indicam, num primeiro olhar, o ato de sobreviver a condições extremas, mas também podem ser interpretadas como um apelo para que repensemos nossas posturas para não chegar a este ponto.

 

PFW Fall 21 | os casacos que fazem a diferença

11.03.21 | Semanas de Moda Street Style


 

Na semana passada falamos sobre o street style da semana de moda de Milão (caso tenha perdido é só clicar aqui) e em como o momento atual impactou nas produções da ocasião, antes marcada por looks extravagantes, conceituais e compostos em sua esmagadora maioria por etiquetas restritas a uma pequena parcela da população. Com as apresentações da temporada acontecendo agora em Paris, notamos que a moda das ruas tem seguido a mesma linha estética mais modesta e desafetada da cidade italiana. A simplicidade nas escolhas das frequentadoras da Paris Fashion Week é evidenciada também pela impressão do exercício de revisitação do próprio armário. O diferencial aqui fica por conta dos casacos. Este item de complementação do visual tem um importante papel de deixar todo o resultado final mais interessante e em muitas vezes se torna o ponto de riqueza, o protagonista do look. E as imagens das ruas de Paris mostram exatamente isso. Houve um resgate dos casacos mais longos que substituem as jaquetas e os modelos médios das outras temporadas. Essas peças, ainda, chegam enriquecidas ou pelas texturas marcantes de materiais robustos, como o couro, o vinil e os pelos fake ou pela distinção do corte e do caimento impecáveis. Seja para deixar o visual mais sofisticado ou impactante, um bom sobretudo, certamente, é um item que pode valer o investimento pela sua capacidade de elevar qualquer produção. Confira: