SPFW 55 | pt.2
26.05.23 | Semanas de Moda
A inspiração em um look não necessariamente deve ser literal. Na maioria das vezes usamos como referência os detalhes de uma composição, como a mistura das cores, as proporções distintas, um styling arrojado, combinação de materiais e comprimentos etc. Com essa ideia em mente é possível ter como inspiração looks que são desfilados nas semanas de moda, já que muitas marcas têm em seu DNA a produção de roupas reais feitas para o dia a dia. Levando em consideração nosso clima e os principais movimentos de moda que mapeamos para as próximas estações, estes são os looks que queremos colocar em prática nos próximos dias de temperaturas mais elevadas e que também podem te inspirar a tentar novas configurações visuais para atualizar o look de verão.
Semana passada nós falamos sobre a ascensão da saia jeans longa e o tema jeans parece ser recorrente quando o assunto é tendência do momento. Não só a saia continua aparecendo bastante pelo feed das redes sociais, como o jeans da cabeça aos pés também. O look composto pelo double denim é um hype do momento e prova que todas as regras antiquadas sobre estilo estão mais do que ultrapassadas. Se há algum tempo uma produção com calça e jaqueta jeans era considerada equivocada, pelo menos pelos próximos meses essa direção não existe mais. Atualmente o look double denim é montado a partir de peças com modelagens mais soltas, deixando o visual com um ar moderno e adequado em relação às diretrizes de tendências das próximas temporadas. Texturas distintas e aplicações inusitadas também compõem essa estética e servem para causar uma diferenciação de um look composto só por um material. A finalização vem com os sapatos de bico fino (seja bota, scarpin ou sapatilha) que são outra microtrend forte do momento e bolsas menores e estruturadas.
Enquanto aguardamos a estreia do estilista Sabato de Sarno na Gucci, em setembro, a marca mostra coleções que indicam o novo rumo estético que entrará no lugar do universo de referências explorado por Alessandro Michele. Não sabemos se Sabato vai tomar o mesmo rumo que se viu na apresentação da coleção resort da Gucci que ocorreu ontem em Seoul, mas o que podemos afirmar é que nada vai ser como antes. Neste desfile especificadamente, vimos alguns resquícios da era Michele, especialmente na acessorização marcante, nos vestidos languidos de cores vivas e na sensualidade sem rastro de modéstia manifestada principalmente por peças transparentes e recortadas. Mas em uma visão geral, as semelhanças acabam por aí. O que se viu foi uma Gucci com menos referências históricas e com o pé mais no presente. Os códigos clássicos da casa – como as cores e o logo tradicional – foram propostos com menos emoção, sendo usados em conjuntos inteiros e em detalhes aplicadas em camisas, vestidos e trench coats.
A principal diretriz aqui talvez tenha sido na ideia de performance. O utilitarismo foi o movimento que mais se fez presente na coleção, que trouxe peças manifestamente esportivas misturadas com outras de perfume couture, criando uma imagem mais elaborada mas não tão inovadora. Temos de levar em conta que, além deste período sem uma direção criativa que dite os novos rumos visuais da marca, trata-se de uma coleção que é para ser mais comercial (o que, verdade seja dita, nunca foi um impeditivo para que Alessandro Michele deixasse de explorar todo seu potencial criativo).
Mas sem saudosismos ou comparações, aqui vemos que a Gucci está introduzindo uma nova era em sua trajetória que parece estar mais ligada com as demandas de consumo atuais. Vimos modelagens relaxadas, texturas metalizadas que trazem um contexto futurista, desconstruções e intervenções discretas de itens clássicos, peças funcionais e um flerte mais escancarado com o street wear. Se antes as inspirações no passado davam à Gucci um ar retrô-cool-maximalista, hoje a marca demonstra que está de olho no futuro – não tão superlativo, tampouco caótico, mas focado no urbano.
Se a gente puder resumir a estética geral do próximo verão em um adjetivo, diríamos que ele será chic. Além dos movimentos pontuais, é preciso analisar as principais narrativas estéticas das temporadas para que daí também sejam extraídas as micro tendências. Nos desfiles que ocorreram no final do ano passado e que correspondem aos movimentos que serão aplicados aqui a partir de setembro deste ano, o WGSN notou três contextos principais que servirão de base para o desenvolvimento de produtos a partir dessas narrativas principais. Eles têm em comum a simplicidade elaborada, a estética que se volta para o atemporal, o exercício de um estilo mais orgânico e menos escapista ou óbvio, algo que se firmou muito nesta última temporada de desfiles e que está sendo amplamente difundido como “quiet luxury”. Na verdade, o termo que hoje inspira a criação de milhares de conteúdos começou a se mostrar na temporada spring/23, no final do ano passado.
– utilitarismo minimalista;
– funcionalidade real com design que gera familiaridade;
– roupagem esportiva modesta e mais adulta;
– materiais tecnológicos, design limpo e contemporâneo e cores seguras.
– reforça a “estética do longo prazo”;
– com o retorno do trabalho presencial, o movimento propõe um interesse renovado nas roupas formais que têm o conforto, a estabilidade visual, a sofisticação sem extravagâncias e a informação de moda na medida como bases principais;
– fluidez e despretensão a favor de um visual seguro e adequado para as temperaturas mais altas.
– depois de uma temporada de libertação sexual extrema através do visual, o movimento explora uma sensualidade manifestada pela naturalidade;
– tecidos leves, caimento fluído e transparência pontual;
– peças artesanais têm seus pontos mais espaçados como forma de manter a narrativa orgânica mas ainda assim permitir que o corpo esteja à mostra;
– tons terrosos quentes e cores claras opacas.
Os desfiles das coleções resort da Chanel são sempre um show à parte. Exibida em locações majestosas ao redor do mundo, dessa vez a maison foi até Los Angeles onde apresentou sua nova coleção nos estúdios da Paramont. O desfile marca a inauguração de uma mega loja da Chanel na Rodeo Drive com quase 10.000 metros quadrados. A relação da marca com Hollywood é antiga e data do começo dos anos 30 quando Coco Chanel foi até Los Angeles para começar a produzir figurinos para alguns filmes da época e desde então a Chanel sempre esteve presente do universo cinematográfico, como nos filmes Café Society, Spencer, Blue Jasmine e no próprio Coco antes de Chanel. Nessa revisitação à cidade californiana, Virginie Viard prestou um tributo ao lifestyle dos angelinos com uma estética jovial que funde a sofisticação e a anarquia. Mapeamos seis movimentos de moda do desfile que foi apresentado ontem.
Pela primeira vez a maison francesa apresenta um desfile de uma coleção pre-fall. Antes dedicada à temporada Resort, grandes desfiles da Louis Vuitton acontecem em diversos lugares do mundo onde há uma bela integração entre moda, cultura local e arquitetura. Dessa vez a apresentação foi levada até Seoul, onde tomou a ponte Jamsugyo, uma construção magnífica que integra perfeitamente a relação entre natureza e ambiente urbano. Obviamente que esse conceito entre homem, natureza e a relação com o que nos cerca foi explorado pelo estilista Nicolas Ghesquière, que nos concedeu uma coleção com silhuetas e construções familiares ao seu esplêndido trabalho na Vuitton adicionando nuances futuristas que integram essa ponte entre o ocidente e o oriente.
A atmosfera esportiva da primeira parte do desfile deu lugar a peças mais adultas e estruturadas, ricas em textura e elaboradas em construção de styling. Apesar dos ombros levemente marcados e dos cortes em “A” aplicados em casacos e saias, podemos notar as formas orgânicas em alguns detalhes, como cintos, saias e blusas, demostrando essa manifestação entre os ângulos atrelados a ambientes urbanos e a sinuosidade das manifestações da natureza. Vestidos e calças de proporções mais fluídas fecharam a apresentação, que acabou por receber o toque único e distinto dos ventos fortes que passavam pelo local. O efeito gerado tanto nas peças quanto no cabelo das modelos acabou por completar o ciclo criativo entre homem e natureza que Ghesquière quis manifestar visualmente nesta coleção.
Se você busca inovar seu visual mas não quer gastar muito em tendências passageiras a melhor forma é pela atualização dos acessórios. Sabendo que uma boa acessorização pode mudar completamente a proposta de um look, nós fizemos um guia com cinco itens diferentes que podem auxiliar nessa tarefa de diferenciação visual sem que haja muito trabalho (ou gasto) para tanto. De acordo com a temporada out/inv 23 essas são as peças que trarão uma informação de moda a mais para o seu look de inverno:
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