10 motivos para o hype do MEXICO 66

09.08.23 | acessórios Get Inspired By Tendências


 

No ranking dos 10 produtos mais procurados no segundo semestre de 2023 segundo a Lyst, o Mexico 66 só perde para a regata branca da Loewe. Ocupando a segunda posição da lista, o clássico tênis se firma como um dos itens mais relevantes deste ano, mesmo após mais de cinquenta anos de seu lançamento. Mas por que? Originalmente lançado para a equipe japonesa de atletismo nas olimpíadas da Cidade do México de 68, o modelo ganhou as ruas com seu design esportivo e a diversidade de cores que aumentam sua versatilidade e alcance de públicos distintos. Com visualizações que ultrapassam os 30 milhões só no TikTok, o público decretou o Mexico 66 como o tênis do momento e que substitui os modelos Gazelle e Samba da Adidas, que vinham ganhando o protagonismo. Mas para além do hype atual e que, como sabemos, é momentâneo, listamos dez motivos que fazem o modelo não só ser o preferido atualmente, mas um item que tem tudo para vingar por anos em nossos armários.

 

 

1) Conforto | Quem possui o modelo aponta o conforto como uma das suas principais características. Leve e adaptável, já que foi produzido originalmente para a prática esportiva, relatos dão conta de que o mexico 66 pode ser usado por longas horas e caminhadas sem que haja qualquer prejuízo físico ou limitação de movimentos, sendo o ideal para uma rotina dinâmica;
2) Agênero | O modelo não se limita às caixas do masculino ou feminino, o que é um grande diferencial para os dias atuais;

 

 

3) Versatilidade | As diversas combinações de cores, o conforto, a neutralidade visual e a nuance esportiva junto com a informação de moda pela atmosfera retrô, possibilitam que o modelo seja encaixado em inúmeras propostas de estilo e situação;
4) fator cool | O visual de outras épocas que o tênis carrega adiciona instantaneamente um ar mais despojado ao visual, emanando uma estética que é ao mesmo tempo casual e vintage. O fato de ele parecer sempre estar esgotado em todos os lugares cria ainda mais essa aura cool à peça;
5) História e Atemporalidade | A estética do longo prazo nunca esteve tão em alta e a trajetória do tênis que já remonta a décadas ao mesmo tempo que seu design é carregado de atemporalidade, faz com que o modelo seja uma aquisição segura, mesmo que o hype seja passageiro;
6) Apelo na cultura Pop | Bruce Lee usou o modelo no filme jogo da morte, de 1978, visual que foi repetido pela atriz Uma Thurman no cult Kill Bill, de 2003. Originalmente, o modelo usado pelos atores é o Tai Chi, mas o Mexico 66 é quase um irmão gêmeo da peça usada nos filmes, além de possuir valor mais acessível e ser mais fácil de encontrar;

 

 

7) Continuidade de relevância | Desde que foi lançado o modelo sempre retorna para o radar do consumidores e seu uso por influenciadores de gerações mais novas fazem com que o Mexico 66 não perca sua relevância. Em registros recentes, a peça foi vista nos pés de Addison Rae, Emma Watson e Kaia Gerber, o que contribui para sua alta procura devido ao grande alcance que esses nomes possuem;

 

 

8) Preços atrativos | O modelo pode ser encontrado por pouco mais de 100 dólares o que aumenta sua acessibilidade a diferentes consumidores. Por aqui, apesar de raro, o mexico 66 já foi vendido em valores que variam de R$ 300 a R$ 400, podendo ser encontrado em lojas de usados nos mais diversos valores, dependendo da combinação das cores e do tempo de uso;
9) Revisitação dos anos 2000 | Quando o filme Kill Bill foi lançado em 2003 o modelo virou uma febre. Atualmente, com a revisitação estética dos anos 2000, é natural que peças icônicas do período sejam resgatadas para composição de um visual que remeta a este movimento;
10) Saturação de modelos datados | Os tênis robustos feitos por marcas importantes, como Louis Vuitton e Balenciaga, tiveram seus dias de glória, mas já não tem mais apelo diante de movimentos que prezam pelo visual que enaltece o eterno. A busca e o uso incessante dos “chunky sneakers” desencadeou a procura por modelos mais sofisticados e o Mexico 66 se encaixa nas demandas estéticas da atualidade.

verão 24 – no que apostar (e como comprar)

03.08.23 | Moda Tendências


 

Quando analisamos os movimentos de moda de uma temporada nós temos em mente, além dos hábitos de consumo e do clima brasileiros, o que realmente vale a pena investir. Seja porque a peça pode durar mais estações, performar de maneira versátil com o que já existe no seu armário, capaz de criar narrativas visuais distintas já que não é tão datada ou transitar por estilos pessoais diversos apenas com pequenas alterações de complementação. São peças assim que valem nosso dinheiro, independente de qualquer tendência que aconteça no momento e, verdade seja dita, atualmente, dia sim dia não, aparece algo que você “tem que ter”. Pensando em performance, longevidade, estética e funcionalidade (PLEF), conseguimos filtrar melhor o que indicar como itens que valem a sua aposta para este verão, especialmente quando tratamos de peças mais caras e/ou datadas.

 


BERLIN fashion week – TECHNO fetish

27.07.23 | Moda moda pra pensar


 

Por aqui nós adoramos olhar as semanas de moda fora do circuito tradicional e inclusive acreditamos que boa parte dos movimentos de moda mais importantes nascem nesses locais. Menos comerciais e criativamente mais livres, fashion weeks menos badaladas nos oferecem olhares singulares e crus de representações estéticas que ainda não ganharam a atenção de grandes marcas ou de consumidores comuns ou podem ainda ser uma revisitação da atmosfera de sua cidade-base, como é o caso de Berlim. Historicamente a capital alemã é aberta para a diversidade, contribuindo para o afloramento da criatividade e manifestações de identidade, especialmente em se tratando de estilo. A cidade, que tem como um dos seus principais valores a inovação e a experimentação, possui uma rica e complexa relação com as artes, com a cultura e com a vida noturna, sendo esta última uma das características que fazem Berlim ser mundialmente reconhecida e um destino obrigatório para amantes e profissionais da música eletrônica. A cena eletrônica de Berlim é lendária e a cidade possui alguns dos principais clubes do mundo. Após a unificação da alemanha com a queda do muro de Berlim no começo dos anos 90, o clima era de festa e anarquia, o que contribuiu para o surgimento de espaços dedicados à celebração da música e liberdade de manifestações pessoais – tanto estéticas quanto sexuais. O campo fértil para o livre-arbítrio corrobora com uma atmosfera fetichista nos ambientes dedicados à música eletrônica e essa estética vem a se tornar uma das principais bases para dinâmica festiva da cidade até hoje. Nas passarelas, essa narrativa foi explorada de maneira quase literal, evocando muito mais uma homenagem a esta importante parte da identidade cultural da capital alemã. Alusões ao universo equestre, materiais densos, corpo à mostra, renda, couro, látex… todos os componentes básicos do manual de etiqueta fetichista foram colocados nestas coleções, sugerindo que nem sempre a inovação é necessária no mercado da moda quando existe um ambiente tão favorável para explorações visuais históricas.

 

LOEWE no topo

20.07.23 | Moda moda pra pensar


 

A espanhola desbanca a Prada do primeiro lugar do ranking da Lyst, que avalia a relevância de uma marca pelo tráfego de pesquisa, engajamento e vendas. Fundada em 1846 como uma marca especializada em artigos de couro, a Loewe tinha entre seus consumidores a família real espanhola e figuras ilustres do mundo das artes, como o escritor Ernest Hemingway e as atrizes Sofia Loren e Rita Hayworth. Nos anos 70 a marca cresceu ainda mais com seus perfumes e após ser adquirida pelo grupo LVMH nos anos 90 sua expansão alçou níveis internacionais. Com a entrada do estilista Narciso Rodriguez em 97, a marca passa a desfilar na semana de moda parisiense, mas foi com a chegada de Jonathan Anderson, em 2013, que a Loewe sofreu uma verdadeira evolução criativa, passando a ser um dos nomes mais fortes do mercado.

 

 

Anderson transformou a trajetória da marca fortemente ligada ao couro ao implementar sua estética conceitual através de silhuetas inusitadas e técnicas artesanais diversas que expandiram o território da Loewe para além da excelência nos acessórios. Mas a mudança da Loewe com a entrada de Anderson não foi apenas visual. O estilista diversificou o alcance da marca ao criar produtos de decoração, fragrâncias com forte apelo ao redor do mundo, colaborações com artistas e profissionais criativos, inclusive com o famoso Studio Ghibli, além de criar o prêmio Loewe Foundation Craft Prize, que dá visibilidade e suporte a artesãos contemporâneos.

 

 

Anderson sempre deixou muito clara suas intenções experimentais nas coleções da Loewe mas foi a partir da temporada spring 22 RTW que o estilista apresentou uma faceta ainda mais moderna em um dos desfiles mais expressivos e aclamados da semana de moda de Paris e talvez um dos mais importantes da marca até então. Por suas mãos, a Loewe se consagra como uma potência criativa das mais relevantes da atualidade. Com uma coleção tão significativa, veio o interesse da internet que, hoje, é uma espécie de santo graal do marketing, capaz de alçar qualquer profissional a níveis instantâneos e inimagináveis de estrelato caso seu trabalho caia no gosto do imprevisível algoritmo e no radar de consumidores com atenções cada vez mais efêmeras.

 

 

Após essa transcendência criativa, as coleções da Loewe se tornaram cada vez mais livres, progressistas e virais. Peças feitas sob medida apareceram em momentos importantes da cultura pop, como o retorno triunfal da cantora Rihanna aos palcos em seu show no Super Bowl e na aclamada Renaissance Tour de Beyoncé. Os calçados de design surreal da marca aparecem tanto nos nossos feeds quanto mais recentemente no seriado And Just Like That… As peças pixeladas da temporada spring 23 que causavam uma espécie de distorção da realidade também se tornaram uma febre. Com sua expressão criativa elevada a máxima potência, Anderson torna a Loewe tão importante pela lógica da atenção, já que seus produtos rapidamente se tornam virais, gerando uma avalanche de buscas e uma constante renovação de interesse. E isso, obviamente, se traduz em lucro efetivo.

 

 

Em uma onda de estéticas silenciosas, luxos discretos e o visual que preza a longevidade, Anderson vem na contramão e oferece opostos abissais dessas narrativas. O luxo da Loewe é se dar ao luxo de causar. Mesmo que a atemporalidade esteja longe de ser seu foco, o estilista ganha pontos pela criatividade unida à esperteza para traduzir as demandas do presente em termos de consumo. Suas criações podem saturar com o tempo (ou não), podem não ser eternas, mas são eficientes para o agora. Não à toa, a Loewe está onde está.

jane BIRKIN

17.07.23 | Get Inspired By Lifestyle


 

Muito antes do termo “multifacetada” ser usado para descrever mulheres que desenvolvem uma pluralidade de papeis na dinâmica da vida moderna, seja no âmbito profissional ou pessoal, Jane Birkin já dominava essa categoria. Atriz, cantora, modelo, compositora e uma das maiores referências estéticas de todos os tempos, Birkin manifestava sua versatilidade com inteligência, sensibilidade e talvez com uma característica que seja justamente a que a fez se tornar um nome e uma imagem que atravessam gerações: a despretensão. Jane levava os diversos aspectos da sua vida com uma desenvoltura muito natural e verdadeira e em uma época extravagante como os anos 60, o que a destacou foi sua simplicidade.

 


 

Claro que o rosto angelical e o estilo de vida agitado também contribuíram para a formação do mito, mas a imagem de Birkin é tão forte, tão característica e tão marcante que o status de ícone da moda talvez preceda todos os seus outros feitos. Poucas pessoas conseguem ser tão lembradas e ao mesmo tempo tão atuais em termos estéticos ao longo dos anos, especialmente com características de estilo tão importantes que testemunhamos em períodos diferentes. Em entrevista recente, Birkin contou que sempre priorizou o conforto em suas vestimentas e por isso nos últimos anos adotou peças do guarda-roupa masculino em seu estilo.


 

A verdade é que podemos criar inúmeras teses sobre o motivo de Jane Birkin ser uma referência de moda há tantos anos (e com certeza continuará sendo), mas certas coisas simplesmente são o que são. Naturalidade, brilho próprio, despretensão. Jane nunca almejou ser fonte de inspiração e talvez por isso é que tenha se tornado uma.

 

fall 23 COUTURE | quiet luxury na alta-costura

12.07.23 | moda pra pensar Semanas de Moda


 

Alexandre Vauthier, conhecido por seu visual carregado de sensualidade em silhuetas de referência oitentista disse na apresentação de sua nova coleção que o momento não é de opulência. Na Chanel em um desfile apresentado às margens do rio Sena, vimos conjuntos, sobretudos e vestidos que poderiam ser feitos para enquadrarem as imagens mais triviais do dia a dia parisiense. De fato, vimos modelos guiando um cão ou carregando uma cesta de flores, sugerindo que mesmo a alta-costura pode ser feita para o cotidiano (de alguém muito rico, obviamente). Na Dior, Maria Grazia já vem preenchendo essa narrativa da excelência silenciosa há algumas temporadas e nesta coleção, que teve como inspiração as silhuetas de figuras divinas dos gregos e romanos, mais uma vez a estilista mostra a potencia do ateliê da maison através da simplicidade. Afinal, quando nos deparamos com criações que não incitam de imediato uma reação eufórica que se mostra principalmente em peças mais conceituais e escapistas, somos obrigados a trabalhar o olhar e o pensamento crítico para ir além, para se ater aos detalhes, ao caimento, ao acabamento e demais elementos que formam aquele visual.

 

 

O look que abre o imponente desfile da Valentino é uma espécie de revisitação luxuosa da calça jeans de modelagem desprendida com camisa social branca oversized e que trouxe um contraste inteligente com a exuberância do castelo de Chantilly, onde a apresentação ocorreu. A calça com textura que imitava jeans é uma peça de alta-luxo feita em seda e aplicações de centenas de contas, além de uma elaborada técnica de camadas de tingimento para se chegar no azul ideal. Ainda assim devemos levar em conta o conceito por trás de um resultado visual simples, mesmo que o trabalho envolvido na produção daquela peça seja de extrema complexidade. Podemos afirmar que a alta-costura abraçou a estética do longo prazo nessa temporada. Vimos um interesse em roupas formais, que inspiram o cumprimento de tarefas que nos são familiares pela rotina – com a diferença, obviamente, de serem peças feitas sob medida com valores astronômicos. Aqui o recado é que mesmo a cliente mais abastada procura uma roupa que se encaixe na vida real e que também seja eterna não só pela técnica empregada, mas também pelo visual.

 

 

Nada é mais eterno que uma boa roupa feita sob medida. Esse eterno se duplica quando falamos de um design atemporal. Pensando em couture, podemos até argumentar sobre a falta de valor artístico, ou de conceito, ou de criatividade levada ao limite. Mas alta-costura também é posicionamento (nos falamos mais a respeito disso aqui), também é uma forma de se reafirmar como marca, um meio de reforçar a herança e a potência de um nome e, acima de tudo, também é um negócio.